Estafeta era o trabalho de meu pai, já bem cansado
E minha mãe, costureira de mão cheia e de agrado.
Quando o dia ia rompendo, ele se levantava,
As borzeguins rangedeiras, ligeiro, então calçava.
Fazia seu desjejum, colocava o chapelão,
Já no alforje, seus pertences, arreava o Alazão.
A matula na capanga, no arreio pendurada,
A capa ideal surrada ia junto, bem atada.
No correio da cidade, as missivas apanhava.;
Ensacadas e lacradas, na garupa atrelava.
Com voz presa na garganta, de mamãe se despedia,
Dizendo que não chorasse, que depressa voltaria.
Abraçava e beijava seus filhinhos, com ternura,
Pedindo que se cuidassem, e de mamãe, com doçura.
Deixava, então, a cidade, no animal a trotar,
Transportando a bagagem pro seu devido lugar.
Cartas de amor perfumadas, ou de amores clandestinos,
De esposas mal amadas, chorosas em desatino.;
De filhos arrependidos, pedindo aos pais seu perdão.;
Pelos desgostos sofridos, um beijo no coração.
Chegando a outras paragens, a longínquos lugarejos,
Deixava então as mensagens, com desvelos de sobejo.
Gente humilde, hospitaleira, que tao bem o acolhia...
E ao voltar, nas algibeiras, mimos pra casa trazia.
Jandira |