Fim de setembro chega a primavera no Planalto Central brasileiro. Com ela, as temperaturas altas e as chuvas que são apenas lenda noutros períodos da translação anual da Terra. E exatamente no dia 19 de setembro as cigarras chegaram à capital federal. Ao passear de carro por Brasília, a partir daquele dia, os motoristas passaram a ouvir um zumbido. Um zunido. Um barulhinho que supostamente fosse o “canto das cigarras”. Bem, pelo menos é o que zoólogos e pessoas com tapa-olhos nos olhos dizem.
Por fora parecem, sim, as cigarras freqüentemente desenhadas nas páginas dos livrinhos de ciências. Exatamente com aquela aparência bizarra de uma mosca colorida gigante. Mosca essa que, quando eu era pequeno, prendi numa gaiola por achar que estava diante de uma descoberta paleontológica: a Jurassicus fly.
Mas só os puros de cérebro não se deixam enganar. Aquilo não são cigarras. São naves espaciais com tripulações de minúsculos seres alienígenas. Você não consegue imaginar um daqueles bastardos sentados num microbanquinho pilotando a pseudocigarra num microvolantinho? Uma esquadra ET. Por isso aquele zunido! É o ruído da propulsão dos discos voadores em forma de cigarra, aquele inseto chato e inútil.
Os maxi-estrangeiros estão aqui somente para fazer a algazarra estúpida. Têm prazer fazendo aquele barulho insuportável com o motor véio e barulhento, que eles não fazem questão de trocar por um de alta tecnologia. Só por birra e espírito de porco. Querem destruir com o silêncio dos bosques, gargalhando dentro dos exoesqueletos cigarrianos frente à ignorância dos terráqueos humanos.
Moral: Sempre preste atenção no que está por trás das coisas. Não confie na cara do Coelhinho.
