A mídia brasileira, principalmente a esportiva, reagiu com veemência a atitude desleal e racista do jogador Antonio Carlos do Juventude na partida contra o Grêmio.
Ao coçar o braço indicando a coloração da pele e a pronúncia da palavra macaco evidenciou uma ação preconceituosa. Um pedido de desculpas e uma versão esfarrapada para o fato, pouco adiantou. O jogador deverá ser punido. O Tribunal de Justiça Desportiva foi ágil e, preventivamente, suspendeu o atleta por 60 dias.
A prática do racismo é vergonhosa e deve ser punida exemplarmente. E, assim, estamos todos de acordo.
No entanto, o abuso de autoridade também é deprimente e nos remete aos tempos da ditadura quando cometida por um militar ou uma autoridade da caserna.
O general Francisco Albuquerque foi protagonista de um “carteiraço”, ou no caso, um “casernaço” ao impedir a decolagem de um avião em Campinas atrasando o vôo em mais de 40 minutos. Foi grande a indignação dos passageiros. Ouviram-se vaias e comentários jocosos sobre a atitude do general. E para encerrar o episódio o casal de “voluntários” que cedeu seus lugares recebeu um brinde, um agrado da empresa: Uma viagem de ida e volta à Paris. Quem não cederia seu lugar?
Lamentável é a palavra que podemos definir para o episódio do general. Para algumas pessoas a ditadura ainda não acabou e direitos e deveres é uma pista de mão única.
Mas a classe política também tem suas artimanhas e idiossincrasias.
Ficou evidente o acórdão para salvar o mandato dos deputados que se valeram das verbas do Valerioduto. A Câmara Federal arquivou os processos contra o Professor Luizinho (PT-SP) e Roberto Brandt (PFL-MG) e iniciou o rodízio de pizza no planalto. Dois criminosos estão impunes e, se depender dos eleitores, politicamente insepultos. Resta-nos esperar que nas próximas eleições os brasileiros façam valer a força do seu voto e expurguem em definitivo os indecentes da vida pública.
Dentre os beneficiados com o mensalão, o abuso de autoridade e o crime de racismo. Adivinhem quais ou quem será punido? Façam suas apostas. É uma questão de justiça.
E no final a palavra será a mesma: lamentável.
É importante enaltecermos a democracia. Só estamos cientes desses episódios porque estamos em um regime democrático, caso contrário os “mantos sagrados” dos regimes de exceção ocultariam todos esses desmandos.