eu quero a paz,
mas não a paz dos brejos,
do sangue coagulado,
dos cemitérios, do homem humilhado.
não quero a paz do "sim senhor",
da cidade bombardeada,
a paz dos escombros, dos derrotados,
a paz do nada.
não quero a paz sob o domínio
da ditadura onipotente,
a paz dos que se calam e consentem
com medo de falar.
só aceitarei a paz
só quero a paz,
quando ela vier de sorrindo de mãos dadas
com homens que lutam e trabalham.
só quero a paz quando ela andar nos trilhos
acompanhando os jovens namorados.
só aceitarei a paz quando cantar
no apito das fábricas livres,
nas mãos dos operários, com responsabilidade.
quando não houver mais medo, frio ou fome,
quando não houver mais ricos salafrários.
só quero a paz depois de ganha a guerra
onde as armas sejam amor, luz e verdade.
só aceito a paz, irmã meiga do povo,
irmã justiça, irmã da liberdade. |