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Artigos-->Preconceito_ Discurso da diferença -- 14/03/2006 - 16:55 (Claudio Bertode) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 






A questão do preconceito é um tema difícil de se tratar, uma vez que já é por demais trabalhado e pesquisado nos meios científicos, principalmente nos ramos da Assistência Social, Sociologia, Antropologia, e mesmo, a Pedagogia vem voltando seus olhos ainda que de maneira superficial, e tímida, para este tema, dando maior destaque ao preconceito social, de cor e outros temas que são trabalhados como projetos ou como tema transversal. Também, ainda no ambiente escolar, os lingüistas, assim como são chamados os novos licenciados e bacharéis em Letras; talvez isso, já seja uma espécie de preconceito destes novos estudiosos de línguas em relação aos antigos, os chamados Gramáticos. Esta nova geração vem mostrando grande preocupação com o chamado preconceito lingüístico. 

     Diante desta nossa dificuldade, uma vez que não dispomos das ferramentas de pesquisa, nem do domínio da tecnologia usada por estes estudiosos para concluir suas investigações de maneira que possam contribuir para solucionar ou, ao menos, amenizar o problema; vemo-nos diante de nossas leigas observações, como, por exemplo, o fato de que o preconceito no Brasil é diferente, é bem particular, tem a chamada cor local. Nós, os brasileiros, fingimos e juramos que não temos preconceito. Nossa cor local, em relação ao negar o ser do outro, mesmo sem conhecê-lo, está no fato de não admitirmos sermos preconceituosos. Fingimos para nós mesmos que no nosso país tal fenômeno vergonhoso não existe. Dizemos com orgulho que: "Nosso país não tem preconceito porque somos miscigenados!", ou ainda, "Preconceito? Isso acontece muito nos Estados Unidos e na África do Sul! Nos Estados Unidos os negros até eram obrigados a viajar em pé nos ônibus! Que horror!". 

     E assim, seguimos nos horrorizando dos maustratos cometidos por outros povos a minorias étnicas em seus países; horrorizamo-nos do machismo oriental contra a mulher, ficamos apavorados do tratamento dado por nazistas aos judeus; e agora, da mesma forma, nos envergonhamos do fato, dos mesmos judeus, antes maltratados, agora estarem humilhando e cometendo atrocidades contra os pobres palestinos. Fingimos que não somos semelhantes aos que humilham minorias, disfarçamos que não excluímos tudo que é diferente de nós. 

     Como somos piores que os que admitem serem preconceituosos! Pois quem admite quer dialogar, quer ser convencido de que está errado. Ou pelo menos, quem admite negar o outro; admite, por lógica que o outro existe, só não o aceita como seu igual. Cabe ao outro, o excluído, conquistar seu espaço, como vem acontecendo nos Estados Unidos e na África do Sul. Mas nós somos piores, pois em nossa negação do preconceito em nosso país, em nossa cidade, em nosso bairro, está a negação do diferente, a negação do diálogo, nem mesmo admitimos que o diferente dialogue, nem admitimos que a minoria excluída (no nosso caso não é minoria, uma vez que os negros e as mulheres são a maioria), não aceitamos que o outro se manifeste. Da mesma forma, os excluídos, sentem vergonha de brigar pelo seu espaço e pelo diálogo. Já se chega a afirmar que a pior forma de preconceito está dentro do próprio excluído. É comum também vermos o governo lançar formas de combater o preconceito de maneira estranha, como o projeto de cotas. Como se fosse preciso humilhar o outro para conceder-lhe o que é seu por direito. O negro para aceitar a cota tem de se afirmar inferior aos demais do grupo humano do país. Um aluno de cota é aquele que não teria capacidade de passar pelo sistema democrático, por incapacidade de formação. Para participar do programa tem de admitir-se incapaz. Mentalmente insuficiente para pleitear uma vaga perante os demais alunos do país. Imagine, isso é comum, um pai ter dois filhos: sendo um branco e um de pele mais escura, uma vez que o pai possa ser negro e a mãe ser branca ou vice-versa. Os dois filhos estudam a vida toda na mesma escola, mas na hora de pleitear uma vaga na universidade, a um deles só basta admitir que é inferior aos demais candidatos, ou seja, se humilhar. Como dissemos, está em voga este projeto estranho de combate ao preconceito de meio milênio que se arrasta de forma velada a nossa volta. 

    É importante que aceitemos que todos nós temos nossos preconceitos; desta forma, dialogarmos de maneira democrática para aprendermos a lidar com eles. Aprendermos a lidar com o outro. A aceitá-lo, mesmo que seja diferente de nós. 





 


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