Estou cá, sentado no bando da praça,
da praça que dizes sem graça,
a espiar o tempo que me resta,
que pensas ser pacato e eu um trapo.
Estou cá, sentado, recebendo o afago
nos cabelos prateados, da brisa
que me acompanha e me apanha sossegado.
Estou cá, a olhar a vida e dela
receber o abraço como o cumprimento de um dever.
Estou cá, relembrando os amores que tive,
os sonhos que concretizei,
as tristezas que senti,
as alegrias que vivi...
Estou cá, planejando os dias vindouros
com grande alegria no coração.
Nasço a cada instante
com o poder da ilusão.
Sonho...
Que mais te restas? Podes pensar.
E eu respondo: - resta a vida
que somada a tua ajudarei escrever.
Minha historia faz parte de ti.
Cá estou, sentado no banco da praça
respirando o alívio de só fazer o que quiser.
Dando-me ao luxo de apreciar
muitas vidas começando,
achando graça dos conflitos vividos por tantos,
conflitos que aflito um dia vivi.
Tudo passa...
A dona sabedoria que conquistei
fez-me calmo.
A dona saudade faz-me companhia.
A dona alegria, vez ou outra vem me ver.
A dona tristeza disse-me adeus,
jurou nunca mais aparecer.
E a dona esperança, espera-me
junto a dona morte, assegurando-me
que morrerei para nascer.
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