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Artigos-->SERÁ QUE TEMOS FUTURO? -- 19/03/2006 - 23:00 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SERÁ QUE TEMOS FUTURO



Francisco Miguel de Moura*



Viveu a humanidade, até agora, em função do futuro. Nossa história e nossa cultura trabalham com esse tempo. Não com o presente nem com o passado. Escrevendo suas vidas, sua lutas, suas conquistas, suas descobertas os homens não escrevem o presente, não o guarda em si e para si, mas põem tudo no futuro. Neste último sentido, guardar-se para o futuro, é que as religiões são positivas como motor de esperança e fé. As correntes religiosas cristãs apontam ao homem o futuro que está próximo (ou seja, o fim desta via, o começo de outra). A filosofia apenas quer saber, como ciência, “as causas primeiras e as razões mais elevadas de todas as coisas”, de São Tomaz de Aquino, no que as correntes modernas dão poucas variações. A literatura, como outras artes, tem seu principal vetor na ânsia de imortalidade, mais do que na busca da beleza no significante e no significado do mundo para perpetuar a individualidade, o espírito, a alma do autor – se possível.

Mas já se observa também nas atitudes das classes e grupos sociais a pouca ou nenhuma perspectiva do futuro, daí a ressurgência duma sociedade permissiva, consumista, dada ao prazer sem limites, que perdeu a auto-estima, virou massa, pintando esse quadro de tendências culturais, na literária especialmente.

Será que o mundo já chegou ao limite? Ou há um mascaramento do que se quer e se pensa verdadeiramente? Não há mais esperanças de reconquista do paraíso perdido? Será que o mundo está no fim? Será que Deus renasceu, depois da morte do socialismo, que queria um mundo sem ricos nem pobres, todos iguais e gerindo a si mesmos? Ou morreu para sempre, com a desesperança e o medo dos nossos tempos?

Se essas questões forem analisadas detidamente, sem paixão, dir-se-á que essa tendência das artes e da cultura contemporânea de voltar-se para o passado – a história (romances históricos, biografias, histórias de personalidades do dia-a-dia, memórias etc. e até mesmo na poesia voltada para a criação dos mitos individuais em que se tornam os próprios autores), mostram a sociedade predominantemente laica em que se transformou o mundo e a trituração do homem, agora multipartido entre si e a mercadoria, entre si mesmo e a mentira de si. Outros acham que não, que é uma tendência passageira; que tudo no mundo é móvel, vai e volta, vem e vai, não há nada novo e tudo é novo, dependendo do critério seguido. Certamente isto se acerca da antiga filosofia do eterno retorno.

Miguel Real, professor de filosofia em Portugal, escritor que teve seu romance histórico “A Voz da Terra” esgotado em 15 dias, e agora lança outro, acredita que “a subalternização aos Estados Unidos provocou uma certa apetência dos europeus pelo romance histórico. Isto acontece porque há períodos de baixa na auto-estima de um povo, e então as pessoas procuram reviver as suas glórias do passado”. E acrescenta que o romance histórico “dá aos leitores o prazer que não encontram no ensaio”.

Em suma, quem se desligou do passado e perdeu o senso do futuro não existe, é sem perspectiva. Tem de seu o presente, mas esse presente é um inferno que se eterniza inutilmente.

__________________________

*Francisco Miguel de Moura, brasileiro, escritor, mora no Piauí. Novo e-mail: franciscomigueldemoura@oi.com.br

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