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Contos-->Retrato Sem Reflexo (capitulo 05) -- 06/04/2002 - 15:14 (won taylor) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Capitulo 05



M
aurício sabia que em relação a dor, a culpa e raiva; o tempo não tinha a mesma relação, com o tempo presente e para quem está sentindo dor, uma espécie de vácuo, começa a puxar todos os outros sentimentos e o que Maurício sentia o arrastava, para um abismo sem fim.
Imaginando o tempo parado, enquanto tudo lhe doía por dentro; já não se importava se era noite ou dia, ele só queria acabar com aquela dor, que a culpa lhe trazia. Em seus olhos, claramente se notava, as amarguras, que lhe causava, o arrependimento.

__ “ O que foi Maurício?”, perguntou Dona Diana.
__ “ Também me sentia culpado, em relação ao meu pai e depois de conversar com a senhora, cheguei em casa e meu pai estava dormindo. Sentei-me ao lado dele na cama e conversamos, enquanto ele dormia e mesmo dormindo ele disse que me amava. Sei que tenho estado distante, desde que nos mudamos e antes de vir para cá, eu fiquei com muita raiva do meu pai, mas não queria perder essa chance, que recebi de poder dizer que também o amo”.
__ “ Na maioria das vezes, nós fazemos coisas para chamar a atenção, das pessoas ao nosso lado ou expressar o que sentimos sobre certas questões, qualquer coisa”.
__ “ Mas, eu não queria chamar a atenção de ninguém, eu só queria que ele me perdoasse, por coisas, que falei, que nem eram verdadeira. E não consigo esquecer, que cometi esse engano. E depois disso ter acontecido, eu não tenho sido quem eu era antes, algo me corroí por dentro”.
__ “ E como estão os seus pais?”.
__ “ Agora os vejo mais calmo e principalmente o meu pai, está se sentindo menos culpado”.
__ “ E você?”.
__ “ Maravilhado, com o que vejo em casa! Eles estão levando a vida, do mesmo modo que eles levavam, antes de virmos para aqui”.
__ “ Você fica bem com isso?”.
__ “ Claro que fico! Eles são as pessoas, que eu mais quero bem e se eles não estavam bem, eu também não conseguia ficar bem. Pôr que você fica me fazendo essas perguntas? O que você consegue ver, sobre tudo isso?”.
__ “ Eu vejo claramente, o que algumas pessoas, não querem ver e passam a enxergar apenas o que querem e ignoram que, com os olhos fechados, podemos enxergar bem melhor”.
__ “ Existe algo, qualquer coisa, que eu ainda não esteja vendo?”.
__ “ Só você pode dizer, o que consegue ver!”.
__ “ Eu não vejo nada de diferente, mas às vezes sinto que, a realidade está ali, parada, imóvel, diante dos meus olhos, mas eu não consigo alcança-la, como se a perdesse...”




__ “ Maurício, às vezes pensamos que perdemos algo ou que esse mesmo algo, não faz sentido, mas acredite-me, tudo está no mesmo lugar e tudo tem razão de ser. Mas, às vezes precisamos aprender a aceitar, que perdemos de verdade, para assim, podermos enxergar que esse ‘algo’ continua e pode não estar aqui, mas, acredite em outro lugar”, apontando para o coração de Maurício, Dona Diana ainda lhe fez mais uma pergunta, “ Você sente falta de alguma coisa?”.
__ “ De conversar com o meu pai, do jeito que conversávamos e por não estar dando atenção a ele, fico com o coração pesado, mente e corpo pesado”.
__ “ Você está se sentindo sozinho?”.
__ “ Quando se está só, a gente sente medo e medo eu não sinto mais, desde que conheci a senhora e Isabel. Sei que vocês estão do meu lado”.
__ “ Mas, a respeito ao que você sente?”
__ “ Comigo é diferente! Agora, eu começo a enfrentar os meus desconforto e medo e uma carga de coisas, que me afastaram de tudo que era mais importante para mim e eu não sabia. Já consigo um pouco de paz na hora de dormir”.
__ “ Só na hora de dormir?”
__ “ É que por causa dessas inquietações, eu estava tendo insônia e não sei quanto tempo, eu passei sem dormir!”.
__ “ Algum arrependimento, além do seu pai?”
__ “ Sim! O que anda me machucando é a falta que me faz, de um cara, que é o meu melhor amigo. Meu melhor amigo Carlos. A gente foi criado junto e ele me tratava como a um irmão. Mas, nas últimas semanas, eu estava sem falar com ele, por achar que ele se afastara de mim, quando começou a namorar. E por egoísmo, eu comecei a me afastar dele e dar desculpas e evita-lo”.

A lembrança de Carlos, afligia o coração de Maurício, pois ele sabia, que havia ido embora de Ibrainnópolis, sem fazer às pazes com o amigo, que sempre lhe cobriu de atenção e por ciúmes, Maurício preferiu não mais vê-lo ou se quer falar com ele.
A garota que causou, essas emoções reversas, em Maurício também era uma de suas amigas e quando ele soube do envolvimento com o seu melhor amigo, pirou.

__ “ O que aconteceu, para que você agisse assim?”
__ “ Erica, era uma menina muito mentirosa e eu sabia que ela não queria, ficar numa legal, com Carlos e quando decidi interferir. Ela disse para o Carlos, que eu dei em cima dela e arrumou a maior confusão. Carlos, não chegou a levar isso muito a sério, mas tudo começou a ficar diferente”.
__ “ Como sabia que ela não prestava ou que causaria mal ao seu amigo?”
__ “ Ela só quis ficar com ele, quando soube que ele estava prestes a ganhar um carro de seu pai. Antes, quando Carlos dava em cima dela, ela sempre o recusava. E dizia a mim, que Carlos era um chato”.
__ “ Como ele era seu melhor amigo, você agiu naturalmente, defendendo-o! Ele ficou magoado com você?”.
__ “Não! Mas, também não quis acreditar em mim”.
__ “ Por isso preferiu se afastar?”
__ “Nada que eu fizesse o ajudaria. Só fiquei de longe torcendo para estar errado e que ele pudesse ser feliz”.

Carlos teria que ser um assunto para ser resolvido depois, e Isabel que acabara de chegar estava merecendo a sua atenção total. Com um vestido preto curto e com os seus cabelos anelados soltos, parada na janela.

__ “O que foi Maurício? Não gostou do que vê?”
__ “ Fui invadido, por um sonho lindo!”.
__ “ O que pensava antes de me ver?”
__ “ Ando meio pensativo!”
__ “ Sobre o que pensava?”
__ “ Sobre coisas que amo e que parece que sempre tenho que perder. Tenho pensado muito sobre isso!”.
__ “ Você pode ir se acostumando, que eu acho que vou ficar aqui, por muito tempo ainda. Estou perdidas entre dois mundos e algo me prende aqui”.
__ “ Sei que parece absurdo, mas sinto que é real, esse apego que tens”.
__ “ É preciso, Maurício, acreditar em algo. Quando na verdade, só queremos, provar que há amor, em algum lugar”.
__ “ Preciso de você e quero que saibas, que não cometerei o erro de me afastar de você. Tem sido difícil para mim e me senti um idiota, querendo não aceitar a verdade. Você é tudo que eu tenho, e és a minha vida e não quero saber como será, sem você”.
__ “ Apenas pense no que está sendo bom, e as emoções vão durar para sempre e assim poderá ver, que nós vamos durar também”.
__ “Você acha que não era a sua hora e que por isso ainda está aqui?”
__ “ Às vezes, levamos uma vida inteira, de modo errado, e sem saber; então não podemos pagar um preço alto de mais. E assim, nos é dado mais uma chance de reparar esses erros. E ama-lo, é tudo que sinto que tenho para consertar”.
__ “ Consegue me sentir, agora?”
__ “ Com todo o meu coração! Desejo, nunca deixar de senti-lo em mim. Se eu tenho essa Segunda chance e com você, quero que ela seja eterna”.
__ “ Eu te amo, Isabel e sempre vou lhe amar e nunca pense que lhe esquecerei”.
__ “ É bom saber que me ama. Porque esse amor que sentimos, nós o levamos para sempre, onde quer que possamos ir, esse amor vai sempre, dentro do nosso peito”.
__ “ Agora, que já sabemos, pelo menos um pouco, do que está acontecendo e se nada podemos fazer a respeito... então, decidi tornar as nossas vidas, em algo extraordinário”.


Quando Maurício pensava, em com seria, quando o amor chegasse. Jamais lhe passaria pela cabeça, que seria dessa forma. A única oportunidade para amar e ser amado.
As palavras, que acalmam um coração, teria que ser usadas agora, para acalentar dois corações. Maurício, acariciava o rosto de Isabel, com delicadeza e ternura, que unia em seu rosto, sorriso e vontade. As mãos que afagavam, os cabelos daquela menina indefesa e inerte, percorria-lhe, pescoço, ombros e costas; indo e voltando naqueles cabelos, espalhados pelo colo dele.





Maurício parecia fazer com que o tempo, parasse ali, naquele instante. E a cada segundo lhe passava, diante de seus olhos, sonhos; desejos; vontade e vida. Ele não deixava de sorrir, mostrando-se confiável, para que Isabel pudesse se sentir, forte e amada.

__ “ Adoro você, Maurício! Você é quem eu sempre quis, que me amasse!”, disse emocionada.
__ “ Ainda bem! Porque não me importa mais, o que nós temos de enfrentar, e eu sempre vou estar ao seu lado. Apesar de às vezes, me sentir fraco, diante de tudo”.
__ “Dança comigo, do jeito como dançou, lá dentro do cinema!”
__ “ O prazer será todo meu!”

Maurício, puxou Isabel contra si e deixou que a musica, que tocava apenas em sua cabeça, conduzisse os seus passos pelo chão e como magica, a musica só escutada por ele, podia ser escutada, até a outra esquina.
Com uma das mãos nas costas de Isabel e a outra segurando o rosto dela, ele a conduzia pelo quarto. Um olhar de ternura, escapava de seu rosto, seco e firme e chegava até Isabel, como se fosse uma declaração de amor.

__ “ O que está pensando?”
__ “ Em como sou grato por tê-la comigo!”
__ “ Enquanto você pisa nos meus pés e olha nos meus olhos, para ver se está doendo, pôr que não me conta mais sobre você?”
__ “ Numa outra hora! Agora eu quero apenas, me concentrar nessa dança, para não pisar nos seus pés de novo”.

A dança se tornou fascinante e colados um ao outro, eles trocavam a energia, que os guiará até ali. Nem a solidão dos dias passados e nem a falta de perspectiva, os mantinha afastados.
Maurício beijava Isabel e rodopiava cada vez mais feliz, aquela era a felicidade, que nunca sentirá. Mexendo com a sua mente e com o seu corpo. A mente registrando, cada milagre e promessa e todo o sorriso de Isabel, imagens para serem guardadas em seu coração. E com o corpo, ia se alimentando de cada sentimento que surgia, cada arrepio que lhe subia pela espinha e a cada apertão que Isabel lhe dava nas costas.
O retrato que ganhará vida, estava ali e se encontrava dançando feliz e sendo ela mesma. Aos olhos de Maurício, aquela visão, que mexia com os seus sentidos e resistência, estava cada vez mais, ganhando espaço em seu coração. O que ele sentia se misturava, ao que ele nunca havia visto e seus olhos traziam aquela imagem, até a sua alma, afastando de vez, qualquer sentimento ou pensamento, que não fosse o amor.
Ele sentia um cheiro de rosas, vindo de Isabel e esse cheiro, entrava em sua narina e chegava até o cérebro e mantinha com isso, o desejo em seu corpo. Isabel, retirava suavemente as coxas, das coxas de Maurício e retornava, com elas de encontro, ao mesmo lugar que estavam, dando a impressão, de estar flutuando, lado a lado. Fazendo com que Maurício a agarrasse, para que ela não pudesse escapar novamente.





Sem perder mais tempo e com todo o tempo a perder, os dois se ajoelharam, e ele deitou por cima dela e deixou que a sua boca, transmitisse o desejo que ele estava sentindo. Beijou-lhe a boca, o colo e mãos. E abrindo os braços de Isabel no chão, ele sorria e a beijava carinhosamente. Parada no chão, ela recebia os carinhos dele e apenas fitava-o, sem dizer nenhuma palavra, ela obedecia os movimentos dele, como se estivesse tudo combinado, e ela ia se despindo ao mesmo tempo que ele.
Com o vestido preso na cintura e ainda deitada ao chão, Isabel ajudava Maurício a se livrar das calças. Ao ficar nú, Maurício a pegou do chão e a pôs no colo e vagarosamente, a levou até a cama, e sempre a olhando nos olhos.


__ “ Isso tem que ser, daqui até a eternidade!”, disse Maurício sorrindo.
__ “ Não penso haver, mais nada guardado, nada que possa me levar, para longe do que sinto agora, e não há mudanças e não há miséria e nem beleza, maior do que essa que sentimos. Acho que também, não haverá nenhum amor, igual ao nosso; porque esse amor, que é estranho, nos pertence e é nosso”.
__ “ Nem nos muitos livros, que eu li, eu conheci um amor assim. Temos sorte de compartilhar desse amor. Acho, que antes de conhece-la, eu era cego e tenso e com você, consegui me livrar, do que existia de pior em mim. Você é o meu melhor e o melhor que sinto agora”.


As bocas coladas, cortavam as palavras ao meio e seus corpos não precisavam mais de palavras, e distantes de qualquer som, eles se perdiam dentro do que, os traziam juntos, ao lugar mais seguro, que poderia existir: dentro de seus corações.
As horas que se desprendiam do relógio, buscavam uma outra noite linda, lá fora, com um céu limpo, onde as pequenas nuvens, só poderiam ser vistas, quando passava, por perto da lua.
Mas, os olhos de Maurício, só enxergava, o que estava em sua frente e Isabel também era uma linda visão, dentro daquela noite e invadido pela beleza, que reluzia de Isabel, nada lá fora, seria mais maravilhoso, do que aquela menina, que ali estava.

__ “ Vamos fazer uma loucura?”, sugeriu.
__ “ Que tipo de loucura, Maurício?”
__ “ Vamos dar uma volta, pela praia! Podemos dar um mergulho noturno, já que as praias estão iluminadas e depois namorar na areia, vendo o mar”.
__ “ Até que não é uma má idéia! A gente pode dormir na areia e acordar com o sol, em nossos rostos”, disse empolgada.
__ “ Vê! A gente vai se divertir e poder ver o dia amanhecer, lá da praia.... vamos?”
__ “ Calma! Preciso pôr o meu vestido ou quer que eu saia nua?”
__ “ Se você sair nua, nós vamos é ver o sol nascer quadrado!”
__ “ Nada disso vai acontecer, se você tiver um pouco de paciência”




__ “ Quero entrar na água com você!”
__ “ E o que mais, você quer comigo?”, disse pegando na mão de Maurício.
__ “ Todos os dias, ter esse sorriso de criança, ao meu lado e jamais deixa-la ir embora. É isso que quero!”
__ “ Ainda somos os mesmos inocentes, que não se importam com um futuro, cego diante do próprio nariz e faremos o que temos de fazer. E eu não sei como fazer, para não deixar que isso escape de nós”.
__ “ Prometo, que farei o que for preciso fazer, para não deixa-la ir!”.
__ “ E se o céu, disser que nada poderá ser feito?”
__ “ Então, terei que pedir aos céus, que me deixem ficar com você e a buscarei no céu e a trarei até aqui, para que possamos ficar juntos”.

As lágrimas que mudaram as feições, e longamente iam caindo e trazendo miséria, onde a minutos atrás, a alegria queimava a tristeza, e os afastava das mudanças, que estão à caminho. Sem cansaço e sem pensar na volta, eles construíram, um sentimento fácil, de se acreditar. Algo solido, uma espantosa realidade, uma linda descoberta de todos os dias. E não cabe explicar a alguém quanto isso os sustenta, e quanto isso os basta.
Basta existir um, para que o outro seja completo. E para Maurício bastava apenas ouvir, que o amor estava ali, que já valeu a pena ter nascido.

Maurício passou toda a noite, sem dormir, vendo, sem piscar, a visão de Isabel, correndo, pela areia, e vendo-a sempre de maneiras diferentes. Amar seria, elevar o pensamento, onde inalcansável, permanece protegido. Ele quase nunca se esquecia de sentir, a condição, do que se tinha, para pensar e pensava, apenas no quanto, ele também precisava dela.
Antes Maurício pensava sem nenhuma sensação e agora tem a realidade, que com muita, dor a espreita, o faz se perder entre castigo e pesadelo, porque tudo, que faz parte, do seu nada, agora toma forma diferente.

__ “ Apague a luz de seus olhos, e venha escutar o barulho do mar”.
__ “ Continue linda assim e o mar terá ciúmes de você!”
__ “Erga firmemente os olhos e poderá ver, que o céu, bebe da água do mar e o mar, não tem ciúmes, do céu”.
__ “ Baixe os teus olhos e veja, que os meus olhos, estão a olhar, os seus!”
__ “ Meu Deus! Criei um monstro!”
__ “ Um monstro! Então, nem pense em escapar, do desejo que esse monstro tem por você”, correndo atrás de Isabel, Maurício a alcançou e a jogou na areia.
__ “ Socorro, um monstro me pegou!”
__ “ Pare de gritar, ou vão nos levar para um hospício!”








Enquanto Isabel ia corajosamente entrando no mar, Maurício contemplava-a ao longe e ia seguindo-a com os olhos, a areia fina, presa sem eus pés, se desprendendo, a cada passo, que ela dava, em direção ao mar. O vento batendo em seus cabelos e os espalhando, no ar e ao entrar na água, aquela imagem, parecia dizer, que desistir, seria uma tolice.
Saindo do mar, molhada e feliz e com o vestido colado junto ao corpo, revelando a silhueta, de uma mulher linda e com um sorriso, que enfeitava, as suas feições romana. Isabel, ia se aproximando de Maurício, que sentado na areia, sequer movia, um músculo, vendo-a morena, molhada e sorridente.

__ “ Vamos entrar na água?”, disse esticando as mãos e logo puxou-o e o levou até o mar, “não tema, agora tudo se desfaz”.
__ “ Não há o que temer, tendo você ao meu lado”, segurando as mãos de Isabel e com o olhar fixo na linha do horizonte, Maurício caminhava trôpego, até que a primeira onde o acertou e o fez girar e cair, “já tinha me esquecido, de como o mar balança e nos puxa com força”.
__ “ Fique de pé e se apoie em mim e vamos sair do caminho das ondas, que nem estão fortes assim”.
__ “ Acho que não estava preparado!”.
__ “ Confie em mim!”.
__ “ Tudo bem! Vamos lá!”


Com as ondas batendo e os empurrando de volta, eles iam avançando com determinação e ao passar da arrebentação, Maurício abraçou Isabel e os dois flutuaram, por alguns segundos.


__ “ Agora que estamos aqui, o que faremos?”, perguntou Maurício.
__ “ Faremos amor!”, respondeu de imediato.


Maurício suspendeu o vestido de Isabel e pegou a perna direita dela, e envolveu em sua cintura e em seguida, colocou a mão na coxa esquerda dela e a ergueu, colocando-a em seu colo. Mal conseguia sentir os pés tocarem no chão, e sem firmeza necessária, para apoiar os pés, Maurício se esforçava, para manter, o mesmo ritmo de Isabel.
Com os braços dela, em volta de seu pescoço, ele podia ficar ali, vendo o prazer nascer no rosto dela, e ouvir o som das ondas, que batiam na areia, se misturarem, aos gemidos, que Isabel não continha e os deixava sair. Os dois se uniam, as estrelas e ao mar.

__ “ Ótima a sua idéia, de passarmos das ondas!”
__ “ Ainda bem, que você superou o seu medo e encarou entrar na água!”.
__ “ Acho que agora, posso fazer isso, milhões de vezes!”.
__ “Não seja convencido! Você não conseguiria fazer, nem mais uma única vez”.




__ “ Espere umas três ou quatro horas, que você verá”.
__ “ Daqui a três e quatro horas, o sol já estará clareando tudo, e por aqui, o tempo não pára!”.
__ “ Então, eu vou tocar em tudo, em você, na areia, nas pedras e nas conchas... assim, eu terei mais um pouco, dessa emoção, para lembrar, já que esse tempo não é nada romântico”.
__ “ Você só consegue retirar a emoção, quando você toca com emoção. Quando você me toca, eu não sinto apenas, as suas mãos, eu sinto a emoção, que você coloca nelas. As emoções, que saem de você, chegam até a mim, em forma de carinho e chega solido”.
__ “ Quando lhe toco, apenas penso no que sinto por você!
__ “ Não é só em mim, mas para que quando tocares em qualquer coisa, você possa sentir, sempre essa emoção. Do mesmo modo, que você usou a emoção, no caso o medo, para entrar na água. As nossas emoções é que conduzem os nossos espíritos”.
__ “ Teu espírito alimenta o meu corpo e a tua emoção busca o meu espírito, que descansa em meu corpo!”
__ “ Antes que esse dia amanheça, venha comigo e não tenha medo e deite aqui do meu lado e vamos desfrutar dessas emoções, um pouco mais”.


Deitados sob o sol, que iniciava a sua trajetória, Maurício ao abrir os olhos, deparou com Isabel contemplando o mar e como estava de costas, não sentiu a aproximação de Maurício.


__ “ Bom dia, meu amor!”
__ “ Bom dia, para você também. Agora sim, o dia começou, depois desse abraço e desse beijo”.
__ “ O que você vê ao olhar o mar?”
__ “ Quando vejo o mar, percebo que Deus existe e mesmo sem vê-lo, sei que ao olhar para o mar, Ele está aqui, presente, todos os dias, seja com sol ou seja com chuva e a cada instante e sempre”.
__ “ Consigo sentir a presença de Deus, quando olho para você e a vejo sorrindo”.
__ “ Você é um doce, mas não tem como me comparar, a essa natureza viva!”.
__ “ Depende dos olhos de quem a vê!”.
__ “ E se não me amasse, conseguiria ver Deus, no meu rosto?”, desafiou.
__ “ Penso que Deus nos criou em apenas um ser e depois dividiu esse ser em dois e em seguida os separou, para que tenhamos que nos encontrar e nessa busca, descobrimos que amamos certa pessoa e que apenas essa pessoa nos preenche, e assim, quando olhamos para essa pessoa, no meio da multidão, passando de ônibus, de carro ou de avião, sabemos de alguma forma, que é ela quem amamos. Deus assim nos permiti encontrar, o que antes Ele dividiu e separou, e como um presente Dele, Ele nos devolve. Foi Deus que nos presenteou!”





__ “ A sua resposta me convenceu e não é só no mar, que podemos encontrar Deus, mas dentro de cada um de nós”.
__ “ Vamos dar uma volta pela areia e depois vamos embora!”, disse melancólico.
__ “ Eu preciso ir depois, à casa de Dona Diana, preciso estar em contato com ela”.
__ “ Vou deixar você lá e vou até em casa, ver como estão as coisas!”.


De mãos dadas e aos passos lentos, na areia já pesada, por causa do sol forte, Maurício e Isabel iam se tornando, um pequeno ponto, naquela imensidão de areia, à beira mar.
Maurício não podia dizer, se era cedo ou tarde, mas sentia uma imensa felicidade e tudo que ele mais desejava, era continuar a sentir, essa felicidade forte, lenta e longa.


__ “ O que dirá a Dona Diana?”
__ “ Nada, apenas quero escuta-la e saber o que ela tem para me dizer”.
__ “ Gosto dela e no começo, eu a achava estranha. Passei a respeitar, o que ela pensa e acredita”.
__ “ Bom para você! Porque tudo que ela diz, é coerente e não nos deixa dúvidas, de que é verdadeiro”.
__ “ Mesmo antes... de você aparecer, eu estava sempre em contato com ela, e não sei o que era, mas eu sentia que, precisava ouvi-la, não é estranho?”
__ “ Não vejo nada de estranho nisso! Como ele tem um conhecimento divino, muito grande e é muito espiritualizada, nada mais normal, que lhe pedi ajuda. As palavras que ela usa, serve para nos acalmar e nos animar também. Talvez, por isso, depois que você a conheceu, você passou a sentir a necessidade, de ouvi-la e passou a procura-la mais”.
__ “ Não sei bem, se era só isso! Algo sempre me conduzia até ela... talvez você tenha razão... é deve ter sido isso. E me sinto bem, quando estou com ela.
__ “ Será que você era capaz, de enfrentar o que o meu amor lhe trás? Ser o meu credor, com tanta pureza que tens no olhar. Se não fosse Dona Diana?”
__ “ Eu morreria se Jesus surgisse e me dissesse que, tudo isso não seria real, se eu não acreditasse, com o coração. E gritaria aos céus, por uma chance e mesmo sem Dona Diana, eu teria acreditado nesse milagre”.
__ “ E se ela lhe dissesse que eu sou a tua morte, e que estava apenas querendo um abrigo, antes de consumar os fatos?”
__ “ Não acredito, que a morte usaria tal disfarce, para conseguir algo, que jamais fugiria de suas mãos!”.
__ “ Vê, como ela lhe ajudou a tornar consciência do que antes desconhecia?”
__ “ Não consigo encontrar palavras, para lhe dizer o quanto preciso de você, Isabel. E toda vez ao seu lado, é muito mais do que eu possa querer, e lhe digo que te amo!”.
__ “ Sei que na minha condição, eu tenho pouco a prometer, mas, não me importa mais, só o que me importa, é essa vida, que corre em minha volta e se eu tiver que não mais lhe ver. Nenhuma luz brilhará em minha volta e ir para um lugar, onde você não estará, me machucará muito. Não ter mais esse teu sorriso, por perto e a sua falta me fará triste demais”.



__ “ Não que isso vá significar muito, mas a vida me deve algo e eu vou cobrar. Isso é tudo que eu tenho e é tudo que eu quero ter. Eu acredito que a encontrei e eu sei que jamais a deixarei ir e nem que tenha que tentar muito, vou significar, o que és para mim. Sei que é você, quem eu quero e é você a parte que foi dividida de mim e vamos de alguma forma, mudar tudo e conseguir ficar juntos”.
__ “ Nós nascemos inocentes, Maurício e parece que vamos ser inocentes para sempre!”.
__ “ Não desanime! Jesus não está em nossa volta, apenas para nos ver sofrer. Teremos a nossa vez, de poder falar ou mostrar o que sentimos”.
__ “ Só queria que me tirasse daqui e me levasse para um outro lugar, onde nada nos alcançasse ou nos cegasse”.
__ “ Preciso da tua força, Isabel. Para fazer a diferença, entre o que é nosso e o que não pode ser nosso. E se teu espírito deixar, de me alimentar a minha mente, vou estar perdido, como antes estava e tudo que eu preciso agora, é escutar o teu coração e me guiar por ele. Por favor, não apague a luz, que tens dentro do peito”.
__ “ Não quero te perder!”
__ “ Isabel, você nunca se afastara de mim e embora a minha fé, não seja algo incomensurável, sei que acredito e muito no amor, que nos foi dado.”
__ “ Não se desespere! Um anjo deve ter caído, perto de mim...”
__ “ Isabel, meu coração doe, só de pensar, que nós podemos, ficar em separado...”
__ “ Chega de tristeza e vamos acabar, com isso!”, disse puxando Maurício pela mão e correndo pela calçada, “ vamos, meu amor ou perderemos aquele ônibus!”.



Maurício quase sempre, se mostrava rancoroso ao destino, que lhe era reservado e mesmo sorrindo, a sua calma aparente, não demostrava, o temor que sentia por dentro.


__ “ Veja aquelas pessoas ali, Maurício!”.
__ “ O que tem elas?”
__ “ Elas também sentem emoção e desejam algo!”
__ “ Como assim?”
__ “ Elas não lhes parecem felizes?”
__ “ Sim!”
__ “ Mas nós não sabemos, se elas possuem o que desejam, mais ainda sim, estamos as vendo em sorrisos!”
__ “Onde você quer chegar?”
__ “ Que nem sempre sorrindo, demostra se estamos felizes. Às vezes estamos chateados e estamos sorrindo”.
__ “ Entendi! Me desculpa, mas é que fiquei chateado e me deixei levar pela raiva!”.
__ “Limpe o seu coração disso, e não lute contra você mesmo”, disse Isabel abraçando-o, num ônibus vazio e lento.



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