Acabou o carnaval,
acabou-se a utopia.
No rosto de cada pessoa
vê-se o resto de alegria
marcando agora o cansaço
que os vencem a cada passo
arrastado pra fora do salão.
Olhar sombrio, meio zonzo.
Como diz o grande poeta:
"E agora você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros
você que faz versos
que ama
protesta?"
Sim, eu protesto
tenho um nome no meio de tantos.
Zombo de mim e dos outros,
faço versos, amo e protesto.
Protesto o fim da alegria,
protesto o meu protesto
que tenta me protestar"
Fui vencida,
o carnaval acabou.
Mas não estou de um todo derrotada,
planejo mesmo que cansada
a minha fantasia pro ano que vem.
Vou vestida de estrela guia
pra ter certeza que serei seguida
por aqueles que durante quatro dias
esquecem-se do que tem
ou do que não tem.
Esquecem-se do que são
ou do que deixaram de ser.
Esquecem-se de tudo
para junto de todos
numa homogeneidade invejável
tirar de dentro de si todos os fantasmas
extirpar todos os temores
e gritar, gritar...
Gritar que é livre,
livre de tudo,
livre de todos os "pré-conceitos",
pelo menos durante quatro dias...
Os quatro dias de carnaval.
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