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Artigos-->A ofensiva de março -- 20/03/2006 - 12:05 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ofensiva de março



por Mário Ivan Araújo Bezerra (*) em 19 de março de 2006



Resumo: Bem melhor fariam as esquerdas, ao invés de achincalhar irresponsavelmente as Forças Armadas, se procurassem aprimorar o imenso legado de ordem e progresso que receberam.



© 2006 MidiaSemMascara.org





Mais uma vez, vinte e um anos após a entrega voluntária do poder pelos militares, as esquerdas se unem para criticar as Forças Armadas – com especial destaque para o Exército – e mobilizar contra elas a opinião pública, numa espécie de comemoração de uma suposta vitória sobre o ideário da revolução de março de 1964. E observe-se que ainda estamos em meados do mês. Ainda falta entrar em cena a principal emissora de TV do país que, por sinal, teve seus anos dourados durante os “anos de chumbo”. Todo esse ranço, depois de tanto tempo, revela na realidade a frustração de não terem logrado atingir o objetivo de implantar o regime ditatorial que, na época, estava em plena expansão pelo mundo afora. Evidencia, também, quão certo estava o movimento de 64 ao detectar previamente e barrar a pretensão de tomada do poder pela luta armada. Foi uma autêntica contra-revolução.



A briga entre a esquerda e a direita já vem de longo tempo. O século XX foi perdido nessa disputa insana, sempre com as esquerdas buscando o poder com o apoio das armas, como reza sua cartilha. No Brasil, os mais velhos hão de se lembrar muito bem do impressionante comício de 13/03/64, na frente da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, com seus discursos demagogos, em que houve até a assinatura teatral de uma nova Lei do Inquilinato, que foi apresentada à multidão como uma “reforma de base”, imprescindível para o desenvolvimento do país. Dias depois a nação assistiu, aterrorizada, a revolta dos fuzileiros navais e, mais na frente, a confraternização do Presidente da República com os revoltosos no Automóvel Clube, também no Rio. Naqueles tempos incertos, o governo, para enfraquecer as Forças Armadas e assim tornar mais fácil a consecução de seus objetivos, incentivava abertamente a discórdia e a desarmonia entre os militares. Graças, entretanto, à oportuna reação das Forças Armadas, com o incontestável apoio do povo, a desordem foi contida a tempo.



Em outros países da América do Sul onde também grassou o furor esquerdizante, a situação, em virtude de demora na tomada de decisão, agravou-se bem mais e as soluções tiveram de ser muito mais enérgicas que no nosso caso. Na Colômbia, infelizmente, até agora o problema não foi resolvido e aquele país, outrora tão próspero, hoje se debate numa guerra sem fim.



Temos atualmente, no Brasil, um governo de esquerda que chegou ao poder em decorrência de eleições livres, perfeitamente democráticas. É uma chance sem precedentes que nosso ordeiro e tolerante povo deu a partidos que sempre disseram ter soluções próprias para nossos problemas. A sociedade, magnanimamente, soube compreender a inexperiência dos primeiros anos, mas agora cobra resultados efetivos de um governo que, hesitante em meio a incontáveis contradições, demonstra claramente ainda não ter achado o rumo certo.



Bem melhor fariam as esquerdas, ao invés de achincalhar irresponsavelmente as Forças Armadas como se inimigas fossem, num momento particularmente difícil por que passa o Exército, bem melhor fariam, dizia eu, se procurassem aprimorar o imenso legado de ordem e progresso que receberam e se, ao invés de gastar tempo e dinheiro com uma cartilha do “politicamente correto”, tratassem de praticar a ética que tanto alardearam possuir. Na realidade, após 21 anos no poder ainda não conseguiram melhorar o que foi feito nos 21 “anos de chumbo”.



Hoje, após longo período de silêncio esperando que a verdade viesse espontaneamente à tona, depoimentos sem conta estão sendo prestados, para conhecimento das mais novas gerações, num processo de restabelecimento da História. Aos poucos o público está tomando ciência de fatos e circunstâncias que até então passavam despercebidos, como a ausência de exemplos de enriquecimento ilícito entre os governantes militares, o cuidado em observar a rotatividade entre os presidentes, a existência de planejamento estratégico, a continuidade de ação pelos sucessivos governos, o progresso econômico e sobretudo o exercício desassombrado da autoridade.



Por meu lado, tenho muito orgulho em ter participado intensamente do movimento de 64, ainda tenente, quando cursava o Instituto Militar de Engenharia. Por exigência do rumo que minha carreira foi tomando, somente em 1980 voltei a ter participação ativa no processo revolucionário, durante o governo Figueiredo, atuando em prol da abertura política, outro trabalho de que muito me orgulho.



Desde 1985, após a inaudita transmissão consentida de poder, esquerda e direita têm convivido com dificuldade neste imenso Brasil. Já é tempo de efetivarem a paz que foi formalizada naquele ano. É tempo, sobretudo, de se perceber que o futuro das Forças Armadas está intimamente ligado ao futuro do país e que seu esfacelamento implicará o desaparecimento do Estado.







(*) O autor é oficial-general da Reserva do Exército.









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