Poema de Natal
No quarto, o parto
é prato no dia.
Nasceu seu filho,
Virgem Maria.
Nas fossas-lojas,
lucros mais.
E, atrás de mesas, caixas, faturas,
contam dinheiro.
Abutres, urubus, carniceiros.;
eis as ações.
Seu filho rende, Virgem Maria,
por mais que pouco, tostões.
Nasceu seu filho, Virgem Maria.
Como tanto outros.
Mas este é puro.
Então é Natal.
Capital, capital.
Estrela d alva não.
Televisão.
Nasceu seu filho, Maria.
E és virgem, santa?
Não deu registro?
Será blasfêmia?
Psiu! Se cale.
A notícia vende:
NASCEU O FILHO DO HOMEM.
E filho de outros?
Só fome.
Nasceu seu filho, Maria santa.
Não liga não.
O obstreta é dos melhores.
É Natal.
Vendas, vendo, vendes, vendo, vendo, veremos.
É Natal.
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