Nossa história começa numa noite em meados dos anos setenta. Naquele tempo, os clássicos da rodada das dezessete horas era reprisado as vinte e duas horas, na íntegra. Eu era um menino de cabelos cor de girassóis
que costumava cair nos ombros. Eu assista a reprise de America e Flamengo, vencido pelos rubros negros por dois a um. Porém, todos os comentaristas comentavam que o resultado tinha sido injusto e ao que parece, o America, que costuma ser subtraido até fora de campo, fora prejudicado. Fiquei indignado.
No dia seguinte, cheguei para meu padrasto, o capitão Mike de múltiplos talentos, sargento da valorosa Maria de Guerra e interroguei-o, como se o oficial fosse eu.
-- Tio, o America é bom?
-- É sim.
-- Então, sou America.
Desse dia em diante, nasceu uma paixão que levou-me as aventuras mais quixotescas e a paixão mais certeira cuja mesma fidelidade não posso prometer a mulher alguma, posto que o amor de um homem por uma mulher pode ser chama, mas o amor de um torcedor americano de pedigree
costuma ser imortal. Verdade que Capitão Mike passou parte da vida querendo me infernizar dizendo que virei a casaca, mas não é verdade.
Ser America é uma certeza sobrenatural do meu ser.
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