O fechamento das fronteiras de Israel com Gaza e a Cisjordânia, decidida ontem pelo governo, tornará ainda mais tensa a situação entre palestinos e judeus. Situada à beira-mar da costa mediterrânea ocidental, Gaza é considerada uma das cidades mais antigas do mundo. Num passado distante, foi um centro de comércio próspero e uma parada obrigatória na rota das caravanas entre o Egito e a Síria. Foi primeiramente habitada pelos Cananeus e, séculos depois, se tornou a principal cidade Filistéia, da qual se originou o nome Palestina. Conquistada pelos muçulmanos no século VI, Gaza é o local onde está sepultado Abdu’l Al-Muttalib, o avô do Profeta Maomé; razão pela qual a cidade se tornou um centro islâmico importante. Depois de 38 anos de ocupação pelos colonos judeus, a Faixa de Gaza foi finalmente liberada para os palestinos. Mas eles desejam bem mais, e reivindicam que o seu futuro Estado tenha como capital a cidade de Jerusalém. Este é um grande imbróglio; um pleito que dificilmente será aceito por Israel, que tem em Jerusalém a sua capital eterna, reunificada e indivisível. Naquela cidade santa, encontra-se o “Muro das Lamentações”; relíquia da antiga glória de Israel e o único lugar sagrado dos judeus. A iniciativa do estado hebreu, de retirar os colonos de Gaza, foi um passo histórico e importante no caminho da paz. Mas a eleição ocorrida ontem, com a vitória do partido Kadima de Ariel Sharom, sem maioria no Parlamento, poderá obstruir os planos do futuro governo para retirar o restante dos colonos judeus da Cisjordânia, pois só terá 28 das 120 cadeiras do Knesset. Portanto, qualquer prognóstico sobre a paz naquela região é ainda prematuro. Eles certamente encontrarão uma saída para firmar um acordo que atenda os interesses de ambas as partes, estabelecendo a paz na Terra Santa e, por extensão, em todo o Oriente Médio, pois não suportarão continuar com esta matança ad-infinitum.