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Poesias-->HAICAIS -- 01/06/2002 - 13:46 (Nelson Ricardo Cândido dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caem secas as folhas

da árvore no Outono, como,

da vida, os sonhos.





Mesa de jantar

sempre c um só prato posto:

isto é solidão!





O calor sorver

do sol no suave Outono

é beber a vida





Prisioneiro estou

dos inconscientes pecados

dos eus da minh alma.





A chuva caindo

isola-me e confunde-me:

chora o céu ou eu?





Poemas, canções,

que leio e escuto sempre,

revelam-me inteiro.





Outro livro li.

Trancado e só em meu quarto,

vida outra vivi.





Prende-me a chuva e

meus pensamentos liberta

por uma janela.





O escrito ausente

na tumular cruz revela

o vazio da vida.





(Haicai)

Efêmero instante

do esquecer resguardado.

Síntese vital.





Fazei-me, Senhor,

eu mensageiro de mim,

como anjos, de ti.





Trazem-me os enfeites

suspensos na árvore morta

lembranças perdidas.





Como te chorei!

Fotos e roupas usadas...

Lembranças da ausência!





Nos tempos de luto

aviva-se dor, memória...,

pari-se a saudade!





No colo da mãe,

tranqüilo dorme o nenê.

Não sabe o futuro.





Relógio da sala

batendo e mostrando o tempo

outra vez perdido.





Marca no colchão

mostra-me o quanto perdi

da vida, dormindo.





Etéreas figuras

brancas, boiando no céu.

Imaginação.





Nos tempos de luto

espiritualizam-se

os corpos dos vivos.





Saudades e ossos:

o que resta de uma vida.

Com o tempo, só ossos!





Vaso sobre a mesa

com flores mortas e secas.

Meu corpo e minha alma.





Bolha de sabão,

plena no ar, disforme ao toque:

minha criação!





Nas noites sem luz

mostram-se as formas disformes.

Folclore nascente.





Musa natureza

plantou os melhores trevos

chamados haicais.





Chuva na vidraça

escorrendo lentamente.

Horas ociosas.





Silêncio da noite

a meu ouvido sussurra:

"ouça a solidão..."





O mar num só dia

tem marés cheia e vazante.

O humor humano.





Criança espiando

pelo vitrô da cozinha

um doce segredo.





Relógio da sala

mostra o cuco de hora em hora.

Canta a solidão.





A brisa do mar

abranda o sol escaldante,

e à dor, a lembrança.





Fumaça de incenso

enleva-me e eleva-me a alma.

Oração ao céu.





A longevidade

de nossa vida se mede

pelos nossos mortos.





Noite de vigília,

velando o amigo morto.

Dois corpos sem vida.





Meu jeito lacônico

melhor encontra expressão

em forma de haicai.





O outonal sol,

suave, aquece-me o corpo

e afaga-me a alma.





Uns raios de sol

passando por entre as árvores.

Idéia e linguagem.





Água refletindo,

trêmula e opaca, o céu,

como o corpo, a alma.





Um trevo perfeito

colhido à Natureza:

assim é o haicai.





Um frasco de tempo

no armário de remédios

pra dor de saudade.





Caminha o enlutado

de olhos voltados ao chão.

Girassol: é noite!





Olhando os retratos,

tristes escorrem as lágrimas.

Salgada saudade.





O pé de azaléia

alimentou-se da chuva

que a desflorou.





Vôo de albatroz

finda imperfeito no chão.

Idéia e escrita.





A essência da vida

traduz-se em poucas palavras.

Segredo do haicai.





Ínfima formiga

sustém cem vezes o seu peso.

O homem e a cruz.





No quente deserto

o sol espanta a vida.

Que fria é a noite!





A noite chegou:

solidão escurecendo

o quarto e a mim.





O tempo passando

pode ser observado

na fixidez das fotos.





Um ranger da porta

de manhã e outro à noite.

Mais próxima a morte.





Celeste selene

iluminada, ilumina.

A cultura humana.





Livro de receitas

antigo. Herança da mãe.

Sabor da infância.





Lembranças tocando

numa antiga vitrola.

O som da saudade.



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