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cronicas-->AS TRÊS VAQUINHAS -- 20/04/2000 - 18:39 (Mario Galvão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O ideograma chinês que significa crise, quer dizer também oportunidade. A sabedoria da vida está em aproveitar os momentos de dificuldade, de retração, para reunir energias para não deixar passar a primeira chance de expansão e crescimento que sempre virá depois. Aprender a virar o jogo. Depois da tempestade, a bonança, dizem os sábios. Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, dizem outros. Outros chegam ainda a afirmar que o ser humano não devem cessar de pensar em crescimento e expansão mesmo nos momentos difíceis, nas chamadas crises, porque se formos esperar total calmaria para progredir, o risco é velejar para trás ou afundar.
Foi, por exemplo, o caso de empresas, da Embraer, quase desaparecendo em 1990, sem nem um momento parar de lutar buscando novas oportunidades, e hoje próspera, entupida de encomendas internacionais.
Ouvi dum comandante da VASP, durante uma gostosa viagem na cabine de um Boeing 737-200, entre Brasília e Terezina, a seguinte estória, de autor desconhecido:
Um veterano sábio zen, num mosteiro perdido no Himalaia, achou que era oportuno conduzir seu discípulo para aprender um pouco sobre a vida real, fora do refúgio isolado em que viviam. Andaram dias pelas montanhas geladas, até que chegaram a uma minúscula vila. Conseguiram hospedagem e o sábio disse ao discípulo:
"- Sai, vê, observa e traz-me seu relatório." No fim do dia, o aluno retornou:"
- Mestre, incrível! Os moradores desta pequenina vila dependem, em tudo, de três vacas. Não há pastagens, não há nenhum recurso de espécie alguma. Então, com o leite das três vacas, alimentam as crianças. O que sobra transformam em queijo e um deles desce a montanha uma vez em cada semana, trocando os queijos pelo que precisam para comer e vestir, além do quase nada que conseguem cultivar, na primavera e verão, nos pequenos quintais de suas casas."
O mestre ouviu, não disse nada, permaneceu meditando.
Uma semana depois de comer somente o queijo do anfitrião, chamou o discípulo e disse-lhe, em segredo:
"Meu filho, está na hora de voltarmos ao mosteiro. Vamos partir esta madrugada, sem nos despedirmos de ninguém. Antes, saia na calada da noite e, sem que pessoa alguma o veja, conduza as três vaquinhas e seus bezerros até a beira do pàntano e jogue-as no brejo para que pereçam todos."
O discípulo escandalizou-se:
" -- Mestre, sempre me ensinastes a bondade, a compaixão e o amor ao próximo, agora queres que sacrifique esses pobres animais, único meio de subsistência dessa pobre gente?!?"
- "Faça o que eu digo!" insistiu o Mestre Zen.
O discípulo, movido por seu voto de obediência, não teve outra saída. Levantou-se de madrugada e antes de partirem atirou as três vaquinhas e bezerros no brejo, afundando-os na areia movediça. Anos depois, o Mestre, já velhinho, bem velhinho, chamou o discípulo no mosteiro e ordenou:
" -- Volte aquela vilazinha, veja como estão seus moradores, observa tudo e traz-me seu relatório" .
O discípulo foi e voltou.
" - Mestre, que coisa incrível, a vilazinha perdida se transformou numa cidade, cheia de progresso. Tudo mudou. Hoje eles fiam e cozem, comerciam, fabricam e prestam serviços de importação e exportação nas fronteiras do Himalaia. Estão ricos e prósperos. Um deles, o que nos hospedou, contou-me que uma noite, há anos, inexplicavelmente, desapareceram as vaquinhas que os sustentavam com seu leite e então...tiveram que se virar! E deu no que deu. São hoje muito prósperos e felizes. Mestre, que Buda o ilumine sempre com tanta sabedoria."
Será que, às vezes, não é o caso de liquidarmos, nós mesmos, com as nossas vaquinhas? E se elas forem para o brejo? Vamos passar fome, morrer ou reagir? Que tal conseguir ver, nas dificuldades, nossas melhores oportunidades?

Mário Galvão é jornalista e Relações Públicas
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