Vamos referendar os dias senhores leitores. Todos os dias. Principalmente vamos referendar o dia seguinte. Um dia sempre referenda o outro.
É assim que o dia dois de janeiro referenda o dia primeiro, onde todos bebem e se empanturram, trabalhando com menos motivação do que nos dias normais.
Assim também é em relação ao dia 25 de janeiro, que referenda o dia 24. Tudo vai se sucedendo e se referendando.
O dia primeiro de abril não foge à regra. Referenda o dia 31 de março, principalmente depois da nota ofensiva à inteligência divulgada pelo general Francisco Albuquerque, que afirmou que um golpe de Estado referendou a democracia, que dialeticamente não tem nada a ver com golpe de Estado.
O dia primeiro de abril, dia da mentira, é a única coisa que combina com o golpe. É só ver nos arquivos da polícia quantos inquéritos foram abertos para apurar as licitações fraudulentas que ocorreram durante o regime militar, os casos de tortura e assassinato de ordem política e o abuso de poder contínuo por indivíduos que se esconderam por trás de fardas para cometer crimes.
O Exército Brasileiro foi vilipendiado por civis e indivíduos de caráter duvidoso entre 1964 e 1985. E com certeza será muitas vezes mais, já que é uma instituição e pode ser manipulada quantas vezes o sistema político assim quiser.
A farda do Exército Brasileiro não era utilizada, mas o nome da instituição, para possibilitar golpes em países como República Dominicana, Chile e Peru, apenas para citar alguns.
Alguns homens mais lúcidos naquela neblina toda tentavam evitar isso, como o general Rodrigo Otávio, mas nem sempre conseguiam.
Falar que um golpe garantiu a democracia é um grande equívoco por parte do general, já que democracia é governo popular.
O Exército Brasileiro foi utilizado pelas oligarquias fundiárias brasileiras para impedir uma melhor distribuição de renda, além de forças multinacionais, ajudando a garantir também a hegemonia norte-americana em território sul-americano. Foi utilizado. Vilipendiado.
Essa é a verdade. Tomara que no futuro os novos militares sejam todos mais arejados, mais cultos e não percam tempo defendendo um capítulo triste da história brasileira.
Toda vez que alguém homenageia o dia 31 de março está automaticamente homenageando o dia primeiro de abril, a próxima grande verdade do calendário nacional.
