Suas dores são dengue.
E se não for dengue é dengo:
carência, vazios,
desejos que não se dizem em consulta.
E por isso lhe receito:
uma massagem com penas de ganso,
um banho de óleo de uvas frescas,
um sopro de palavras quentes na orelha
- e mãos, muitas mãos firmes,
desnudando os odores da sua pele clara.
E repito nova dose de audácia:
que nosso abraço
- há tempos ausente -
se desenlace, maravilhado,
numa franca biodança.
E, de duas em duas horas
receito-lhe, por fim,
uma dose de esperança:
no fim dos dias cinzentos de um escritório
haverá sempre uma tarde dourada lá fora, pronta para ser sorvida
em colher de sopa.
Repouse...
(2000)
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