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Poesias-->Desejo -- 02/06/2002 - 17:57 (Dante Gatto) |
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Desejo
Queria um verso leve
que comovesse velhos e crianças…
Não de uma comoção dolorosa, mas
suave catarse, doce epifania.
Suave e doce como a chuva que chega de mansinho
e nos convida a penetrar nela...
envolver-se...
diluir-se...
esquecer-se...
Queria um verso livre.
Livre a ponto de não precisar das palavras,
da palavra-conceito, da palavra-razão, da palavra-escrava.
Mas da palavra pura
quase onomatopéia,
que escorrega espontânea
como o marulho da águas ou a música do vento.
Queria um verso santo
a ponto de confessar os desejos mais inconfessáveis,
que soubesse purificar as ações
com a força da entrega absoluta
e da possessão mais completa.
Queria um verso louco
que suscitasse o infinito,
ousado bastante para ironizar toda condição.
Que fizesse tudo em ruínas
para exibir a milagrosa essência das coisas.
Queria um verso que te pusesse em pranto, sorrindo…
que valesse a vida e a morte…
que desse sentido às palavras…
e ao amor!
Queria… eu queria…
Dante Gatto
gattod@terra.com.br |
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