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Contos-->Um conto de pai... -- 11/04/2002 - 14:15 (Claudio Ap. Borges) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um conto de pai...

... e caminhava um senhor solitário , já a meia idade , aparentava lá os seus 45 anos , pelas ruas de um bairro que não entendia onde era, eu jamais havia estado lá, cabisbaixo e de feição triste estava ele ...
... ao perguntar-lhe se se sentia bem começou a falar ... e falar ...
- Olha meu senhor, ao contrário do que pensa eu sempre fui um trabalhador árduo, construí e mantive minha família por quase 20 anos, troquei as fraudas de meus filhos quando nasceram, ensinei-lhes os caminhos corretos da vida, fiz tudo o que pude por minha esposa e filhos, nunca os deixei passar necessidade, sempre dei mais do que pediram, nunca sentiram-se excluídos por não terem aquele brinquedo ou roupa da moda, ao contrário, desde que nasceram eu sempre saia para comprar algo nos dias de pagamento , chegava em casa e era aquela alegria...
... começou então a chorar quietinho e com lágrimas nos olhos continuou ...
...passeamos muito, fomos muito felizes, lembro-me de que cantávamos no carro todas as musicas das fitas infantis que ouvíamos, fazíamos caras uns aos outros e íamos felizes por aquela estrada esverdeada e rodeada de natureza ...
...falávamos sobre apresentadores de tv infantil, sobre musicas, sobre nós ...
...a compra de qualquer carro velho era motivo de alegria nós ...
Falei então...
-Mas então o senhor deveria estar muito feliz e se orgulhar de ter conseguido ter um lar feliz ...
Cortando-me o assunto falou:
-Deixa eu terminar...
...sim fui muitíssimo feliz, assim como você deve ter sido porém certo dia, comecei a me desentender com minha esposa e começou sempre o mesmo problema ...
...O sr. Tinha outra mulher? ... Perguntei eu indignado .
-Não, acontece que meus filhos cresceram, foram estudar em escolas particulares, faziam cursos e aulas extras que me custavam muito mais do que podia dar...
...comecei então a procurar mais e mais trabalho, aos sábados e domingos lá estava eu trabalhando ... e trabalhando ... e ainda assim não dava , então decidi prolongar os dias .. ... trabalhava até quando podia , comprei outro carro para minha esposa buscar os filhos na escola porque nunca conseguia chegar na hora e assim eles teriam mais liberdade para ir e vir ...
... e continuei trabalhando e trabalhando e “aparentemente” crescendo montei uma empresa ... ... contratei funcionários ... e passei a viver esta vida ...
...porém, ao trabalhar tanto me afastei demais de minha família, criamos então com o passar dos anos, uma barreira que ainda não sei explicar...
...deixamos de passear, de brincar, de nos divertir ...
... estávamos então afastados uns dos outros e não tinha coragem ou ainda não sabia como falar-lhes o que sentia e quando falava, ouvia desaforos ou então terminava em discussões entre eu e minha esposa...
...então certo dia, ambos angustiados de tanto rancor guardado, eu e minha esposa discutimos muito e resolvemos nos separar...
...foi então um nó no coração de tamanho e proporções inexplicáveis, não conseguia sequer imaginar meus filhos longe de mim... sem vê-los, senti-los ou tocá-los, ...
...e foi o que vagarosamente começou a acontecer ...
...o simples fato de imaginar que eles em algum momento pudessem passar qualquer necessidade me deixava mal, muito mal... ... algo me roia por dentro feito um tumor que não sei explicar ...
...perdi completamente o raciocínio e a lógica da vida, errei no trabalho e começamos a derivar ...
...os lucros foram cessando e cessando...
...quando dei por mim estávamos devendo muito... e a agonia e angústia da separação somada á solidão de que sentia e a perda de tudo aquilo por que lutei tanto ...
...nossa ... foi muito forte ...
...pensei em beber como muitos fazem, mas não sou assim... sempre fui muito familiar ...
...nada melhoraria o que sentia...
...foi então muito forte mesmo ...
...e não agüentei !!!
-Nossa, que estória digna de ser escrita. Disse eu entusiasmado perguntando ainda...
-E o que fez?
E respondeu-me...
-... nada, Deus é quem o fez... por isso estamos aqui nesse lugar!
...nosso corpo é frágil para agüentar e vim pra cá por enfarte e você?
-Nossa!!!
-Agora que vi... ...pelo mesmo motivo!!! É tudo tão semelhante que parece que sou eu ...
-E é ! Falou ele.
-Tente explicar aos seus filhos.
-Como se estamos aqui!!! Disse eu.
-Ainda não estás... apenas parte de você está aqui e por isso não sente-se bem ... más logo virá assim como eu !!!
-Quer me assustar ? Perguntei indignado.
E ele respondeu...
-Não, de forma alguma, quero apenas quebrar o elo, isso acontece com quase todos os homens separados e você é especial pois já esteve aqui por um tempo... então contamos com você para quebrar este elo, este tabu indicando-o para descrever e passar esta informação para frente ...
...fará isso por nós? ... por você? Perguntou ele com um olhar sério e aos poucos foi desaparecendo enquanto eu dizia ...
...Sim...
Quando dei por mim, estava aqui, nesse exato ponto digitando este parágrafo final...

Claudio Borges, 11 de abril de 2002.
Proibida a reprodução total, e/ou parcial deste texto sem prévia autorização do autor e quando reproduzido, deverá conter este parágrafo.

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