Em algumas regiões do nordeste, especialmente no Rio Grande do Norte e na Paraíba, já se pode ver a amostra do seu estrago. Removida a sua cobertura natural, a caatinga virou terra nua e o chão esturricou-se. Areia pura, sem vida. Uma gigantesca faixa de terra desmatada, de milhares de quilômetros, que começa no Piauí, passa praticamente por quase todos os estados nordestinos e termina no norte de Minas. É o retrato da depredação da natureza, da ignorância humana e do descaso dos governos. Só tiraram proveito os políticos, que há mais de 50 anos mamaram com a indústria da seca. O trecho de Salgueiro até Petrolina (PE) mostra claramente o que virá pela frente. É apenas uma questão de tempo. Nas pequenas cidades daquele sertão, os fornos das padarias ainda são alimentados pelo que resta da caatinga rala. É uma tristeza ver nas portas daqueles estabelecimentos os montes dos pequenos troncos retorcidos. O desmatamento da caatinga, que iniciou há 350 anos, segundo os experts, poderá chegar com apenas 30% do que resta. Mas, surpreendentemente, abriu um raio de luz de esperança, com o lançamento da “Operação Mata Nativa do Plano Caatinga” no Ibama de Recife, visando conscientizar a população sobre a importância da conservação do meio ambiente em todo o nordeste, com medidas inteligentes para barrar as grandes empresas que usam lenha e carvão. A articulação do Ibama com a Receita Federal e Estadual e mais as Polícia Federal e Estadual, de forma eficiente, certamente vai ajudar muito na preservação da nossa caatinga. É o que todos nós, nordestinos, desejamos.
Enquanto isto, o Governo pretende gastar R$4.5 bilhões na primeira etapa da transposição das águas do Rio São Francisco. Com suas matas ciliares devastadas, assoreado e poluído, o “Velho Chico” está moribundo. Em alguns trechos, a sua profundidade é de 01 metro! O açodamento do Governo, com um projeto notadamente de cunho político, poderá provocar um desastre ecológico gigantesco na região. Ainda é tempo de parar com a maluquice.
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