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Artigos-->MAJOR LEAL, EX-COMBATENTE E HERÓI PERNAMBUCANO -- 01/05/2006 - 19:06 (Wilson Vilar Sampaio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


PERNAMBUCANOS QUE NÃO DEVEM SER ESQUECIDOS



MAJOR JOSÉ DA SILVA LEAL, EX-PRACINHA E HERÓI PERNAMBUCANO.

Por Wilson Vilar Sampaio



Em homenagem ao aniversário da capitulação da Alemanha, ocorrida oficialmente em 08 de maio, mas na verdade acontecida do dia 02/05, há 61 anos atrás, eu vou lhes contar uma história. Não uma história qualquer, mas a história de um herói de várias guerras e muitas lutas, que sobreviveu à infância pobre escapando das estatísticas de mortalidade infantil; que sobreviveu à batalha contra o analfabetismo e depois, sobreviveu às balas e obuses Tedescos.

Falo de um pernambucano, nascido em 11/01/1921, no sítio Inhumas, distante 15 Km de Garanhuns.

Este bravo chamava-se José da Silva Leal e era filho de Manoel Ferreira Leal e Auta Tavares Leal, humildes agricultores.

A vida em cidades do interior e principalmente nos sítios mais afastados era difícil naquela época. Doenças endêmicas, subnutrição, inexistência de postos de saúde, de acompanhamento médico e de escolas rurais condenavam os habitantes desde cedo, a lutarem pela vida e por isso o garoto José Leal ajudava o pai a fazer carvão para vender em Garanhuns, levando a mercadoria em carro de boi e comercializando também goiaba e rapadura. Quando não estava fazendo carvão nas matas de Inhumas, José ajudava o pai na lavoura.

Os anos passavam e nada da família progredir. Havia dias em que a alimentação era apenas um ovo para dividir por quatro pessoas. José tinha 17 anos e resolveu ir para o Recife tentar alguma coisa melhor. Comunicou aos pais que viajaria à capital e com a benção deles partiu.

Ao chegar no Recife, conseguiu emprego como ajudante de pedreiro e trabalhou na construção do hipódromo da Madalena, serviço pesado, porém muito bem vindo e providencial.

José alimentava um sonho: Entrar no Exército, servir à Pátria. Assim que aprendeu a andar pelo Recife e cidades vizinhas, descobriu o 14 RI e logo se pôs a indagar como fazer para " sentar praça". O oficial que o atendeu disse não ser possível, pois tinha apenas 17 anos e a idade era 21.

Mesmo com a negativa, sempre que podia José passava no quartel e perguntava se não teria uma maneira de servir, mesmo sem ter a idade mínima. Tanto fez que o tenente, talvez irritado pela insistência de José, falou que se ele conseguisse uma autorização passada em cartório pelos pais, ele poderia se alistar.

José não teve dúvidas. Pegou um trem, foi para Garanhuns e de lá para o sítio Inhumas onde obteve a autorização e nova benção dos pais.

O tenente cumpriu a promessa e José da Silva Leal, depois de ser submetido aos exames médicos de praxe, no dia 08 de outubro de 1938, foi alistado no Exército do Brasil, no batalhão de Socorro, em Jaboatão(PE).

O soldado José da Silva Leal era semi-analfabeto. Assinava o nome e escrevia pouca coisa, copiando as letras como muitos ainda o fazem. Não sabia ler quase nada e foi matriculado na escola regimental do Exército.

Só o fato de ter entrado no Exército o enchia de orgulho e esperança e por isso, ao ser matriculado na Escola Regimental e em seguida ter sido enviado para o Curso de Condutores , estas novas responsabilidades fizeram com que o soldado Leal desse tudo de si para sair-se bem em ambos os cursos. E realmente, aprendeu a ler e a escrever com desenvoltura incomum, e em maio de 1939 concluiu o curso de condutores sendo aprovado com grau 7,43!

Transferido posteriormente do 14 RI para o 21 Batalhão de Caçadores, recebeu seu 1º elogio individual em 17/9/1940, pelo chefe da F.V.R.

O elogio individual era o reconhecimento de sua aptidão militar, da sua dedicação à Corporação e da sua vontade de progredir sempre na carreira que escolhera quando deixou o Sítio Inhumas.

Durante sua vida militar, recebeu mais de 20 elogios individuais e tantos outros em conjunto com os seus camaradas. Vários desses elogios serão aqui lidos, posto que proferidos pela mais alta patente militar brasileira nos campos de guerra na Itália: O Exmo. Sr. General João Batista Mascarenhas de Moraes.

Mas como é possível um General de Divisão notar ou perceber o valor pessoal de um soldado? Simplesmente porque a vida na caserna incentiva a avaliação constante entre os militares. Daí os elogios, os incentivos feitos publicamente, na frente da tropa. E também as punições rigorosas direcionadas àqueles que cometem faltas disciplinares ou não cumprem satisfatoriamente com dedicação, segurança e competência suas missões ou ordens recebidas. O militar não pode titubear no cumprimento do seu dever!

O soldado Leal construiu desde o início da sua carreira militar o conceito que sempre gozou junto aos seus superiores. Em janeiro e abril de 1941, recebeu dos seus comandantes elogios e louvores pelo bom cumprimento dos seus deveres, pelo espírito militar e por estar sempre em busca do aperfeiçoamento educativo, físico e moral.

Com efeito, o soldado Leal estava sempre lendo, estudando, procurando ser útil aos camaradas e não tinha hora do dia ou da noite em que não estivesse pronto para aprender mais alguma coisa ou desempenhar qualquer missão que lhe fosse designada, inclusive quando não estava de serviço.

É claro que um soldado assim despertava a atenção dos superiores e o próprio General Mascarenhas de Moraes teve a oportunidade de observar a dedicação e desenvoltura do soldado Leal.

Em 1942, O General Mascarenhas veio assumir o comando da 7ª Região Militar e ouviu o coronel João Carlos Barreto, ao deixar a Chefia do Estado Maior, em 24/10/1942, louvar individualmente o soldado leal, nestes termos:

“ Pela cooperação que prestou, dedicação e ação inteligente que o tornou credor dos seus aplausos “.

Já no mês seguinte, novembro/1942, o próprio Mascarenhas elogiou individualmente o soldado Leal por ocasião dos exercícios realizados na 7ª Região Militar. A razão desse elogio residia na habilidade nata para trabalhos manuais e mecânicos que o soldado Leal possuía e que desenvolvera no quartel, nas suas horas de folga, e por isso, mesmo sem ser especialista, sabia consertar quase todo tipo de veículo além de dirigi-los com perícia.

Imagine os senhores um exercício militar com carros nem sempre “ modernos”, pouco utilizados em manobras efetuadas em terreno adverso e ainda de procedência estrangeira, com dificuldade de reposição de peças... Muitos quebravam e quando tal acontecia, lá estava o soldado Leal para consertar. (Aliás, sobre o assunto, o meu pai já -falecido- que havia sido convocado em fins de 1942, comentando àqueles tempos de guerra, disse que o Exército procurava sempre aproveitar os “dons” de cada convocado, visando a preparação no menor espaço de tempo possível, de soldados aptos para o serviço militar e, se fosse o caso, ser encaminhado à Europa ou aonde fosse necessário, tendo ele próprio conhecido um convocado que entendia de mecânica e foi logo aproveitado e promovido a Cabo).

O General gostou desse soldado disciplinado e dedicado e quando foi nomeado para o Comando da 2ª Região Militar em 1943, num prenúncio de ser criada e enviada para o teatro de operações, uma força expedicionária de guerra, posto que o Brasil, em 22/08/1942 – por causa do torpedeamento de vários dos nossos indefesos navios mercantes - havia declarado guerra aos países do Eixo, lembrou do soldado Leal, que foi transferido igualmente para a 2ª Região Militar, Companhia de Quartel General da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, ficando a serviço do General Mascarenhas e iniciando uma parceria que duraria vários anos.

Em outubro de 1943 foi matriculado no Curso de Motorista de Carro de Combate e em abril de 1944, foi julgado apto para as funções de motorista militar, sendo promovido à graduação de cabo motorista em 16/05/1944.

No dia 02/07/1944, embarcou com o 1ª Escalão da FEB, no navio de transporte “ General W. A Mann “, do porto do Rio de Janeiro com destino ao porto de Nápoles-Itália, onde desembarcou em dezesseis de julho.

Em 28 de agosto/1944, foi designado para o Quartel General do Quinto Exército Norte-Americano, como motorista do Coronel Castelo Branco, Chefe da 3ª Secção de Inteligência da FEB, e no dia seguinte foi classificado como motorista de “ Jeeps “.

Em outubro/44, o menino nascido no sítio de Inhumas-PE, enfrentou seu primeiro inimigo no teatro de operações: O Inverno. E como centenas de outros pracinhas, baixou ao hospital de onde sairia 4 dias depois, a tempo de se deslocar com a tropa para o Norte da Itália.

Começa a fase final da campanha da FEB e o Cabo José da Silva Leal vai consolidando sua carreira militar na longínqua Itália, servindo seus comandantes com coragem, competência e dedicação, e sendo retribuído com elogios e reconhecimento dos seus superiores. Muitas histórias contou ele aos seus familiares acerca dos perigos que correu na campanha, tais como bombas explodindo tão logo ele passava dirigindo o veículo para cumprir alguma missão; Armadilhas preparadas pelos alemães como fios de arame estendidos na estrada, minas terrestres e franco-atiradores. Estas histórias pertencem a ele e a família.

Desnecessário descrever aqui as batalhas vividas pela FEB, ou pela FAB ou ainda pela Marinha de Guerra do Brasil. Todos os que estudam, lêem ou se interessam pela nossa história, têm na participação brasileira na 2ª guerra mundial uma das páginas mais bonitas da nossa História, posto que o Brasil mestiço enfrentou o mais bem preparado exército europeu, formado por uma raça que se dizia “ superior” e pretendia criar um reino que duraria 1.000 anos. E os nossos Josés, Severinos, Cíceros e Sebastiãos foram lá e deram conta de todas as missões que receberam: Camaiore, Monte Prano, Monte Castelo, Montesse, Zocca, Collecchio e Fornovo, onde a FEB obteve a rendição incondicional da 148 ª DI alemã, fazendo mais de 20.000 prisioneiros entre soldados alemães e remanescente da Divisão Bersaglieri Itália, vencendo a tal raça superior!

O cabo José da Silva Leal também deu conta de suas missões, correndo perigos, dirigindo sob intenso bombardeios e participando ativamente de várias operações militares.

Foi recompensado; primeiramente por Deus que o protegeu e fez com que retornasse incólume à Pátria, e em 2ª lugar, pelo reconhecimento dos superiores, conforme veremos adiante:

Em 23/03/1945, recebeu elogio individual pelo Chefe da Terceira Secção que o louvou como motorista, dizendo que “ tem sido um elemento de inestimável desempenho em seu serviço externo. De grande perícia e segurança, de habilidade pouco comum e de inteira confiança pessoal. Dedicado, pronto para trabalhar de dia e de noite e muito calmo, tem revelado uma conduta exemplar como motorista, quer sob bombardeios inimigos, quer em estradas dificílimas “.

Recebeu elogios em conjunto com seus camaradas, do Exmo. Sr. Major General Willys D. Crittemberger, Comandante do 4º Corpo, e do Exmo. Sr. General Mark W. Clark, Comandante do 15º Grupo de Exército.

Terminada a Guerra, ainda na Itália , foi promovido a 3ª Sargento em 21/05/l1945 e na mesma data foi elogiado nominalmente pelo Comandante da Companhia nos seguintes termos: “ O trabalho sem alardes dos motoristas desta Unidade precisa ser posto em foco. É justamente com prazer que este Comando ressalta neste momento a tarefa incessante deste homem que enfrentando as balas inimigas, os perigos das estradas, as intempéries, o gelo e a lama, o frio e o calor, atendeu durante toda a campanha os transportes do Quartel General, cruzando a Itália de sul a norte. E é com orgulho de comandar este soldado que o elogio nominalmente”.

Duas alegrias: em 08/07/1945 recebeu o Diploma de Motorista. Na mesma data foi agraciado pelo governo italiano com a Cruz “ al valor militare” e logo após recebeu mais um elogio, desta feita pelo Chefe da 3ª secção, que o louvou individualmente com as seguintes palavras: “ Trabalhador e competente, foi um prestimoso e correto motorista, de grande competência técnica na fase acelerada e difícil da ofensiva da Primavera. No combate de Montesse, sob bombardeio inimigo demonstrou serenidade no cumprimento das missões sempre pronto, nem a hora, nem a fadiga serviram de pretexto para deixar de cumprir, com satisfação, qualquer tarefa que lhe fosse imposta. Em campanha, bem serviu ao Exército”.

Recebeu em 24/08/1945 a Medalha de Campanha e recebeu também a Cruz de Combate 2ª Classe, esta, em dia não consignado nos seus assentamentos militares.

Regressou ao Brasil junto com o 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira e em janeiro de 1946, foi excluído do estado afetivo da Unidade que servia em virtude da extinção da FEB.

Extinta a FEB, foi designado para servir no 1º Regimento de Obuses em fevereiro de 1946, aí ficando até 11/10/1946, quando foi transferido para a Escola de Estado Maior.

O General Mascarenhas de Moraes, ao deixar o serviço ativo do Exército em 30/07/1946, o louvou individualmente nestes termos: “ Ao deixar o serviço ativo do Exército, tenho grande prazer de agradecer e elogiar o 3º Sargento José da Silva Leal pelos excelentes serviços que prestou a minha pessoa como meu motorista, revelando dedicação e zelo no seu serviço, fidelidade no cumprimento das ordens, disciplina e preocupação dedicada a minha segurança e comodidade. Acrescento ainda nas suas referencias as minhas melhores recordações do trabalho deste dedicado auxiliar na Campanha da Itália, junto ao meu Quartel General “. E a 25/04/1947 recebeu a Medalha de Guerra com passadeira e diploma.

A guerra havia terminado, mas o Sargento Leal ainda tinha muito de si para o Exército e havia muito o que aprender para seu aperfeiçoamento militar: Assim Matriculou-se no Curso de Mecânico e em novembro de 1949 foi aprovado com grau 8,75.

Em 22/11/1950, mais uma vitória: Promovido a 2ª Sargento Motorista e designado para servir da própria Escola de estado Maior. Nos dois anos seguintes, continua mantendo os bons serviços e recebe vários elogios individuais até que em 25/02/1952 foi classificado e qualificado para serviço de motorista de Oficial General.

Com a volta do General Mascarenhas, depois da aprovação do projeto de sua reversão à ativa apresentado pelo Deputado Rui de Almeida e aprovado pela Câmara, tão logo recebe as insígnias de Marechal de Exército, esta mais alta patente do Brasil mais uma vez lembrou do Sargento Leal e em 08/12/1953, o nosso Sargento Leal, já detentor de várias medalhas de guerra e da recém adquirida Medalha de Bronze por 10 anos de serviços nas condições exigidas, foi novamente servir como motorista do Marechal Mascarenhas.

Foi promovido a 1ª Sargento em 08/02/1954 e prestando serviço junto ao Estado Maior viajou para o sul do país, em missão, sendo agraciado com a Medalha do Pacificador, recebendo-a no dia 12/05/1954.

A qualidade dos seus serviços continuava a ser reconhecida e assim o 1º Sargento Leal acumulava elogios do seu comandante o Marechal Mascarenhas que sempre o citava nominalmente como exemplo de abnegação e dedicação ao trabalho (oito elogios individuais), nunca esquecendo de enaltecer os serviços prestados em campanha, no teatro de guerra.

O 1º Sargento Leal. Novamente à disposição do Marechal Mascarenhas, foi transferido para o Rio de Janeiro, deixando a 2ª Região Militar depois de 5 anos de trabalho.

Nas suas idas a Pernambuco para visitar os pais, conheceu D. Maria da Glória Miranda, uma moça pernambucana de Angelim, tendo com ela firmado compromisso, vindo a casar-se em 29/11/1958.

A partir do casamento, leva a esposa para o Rio de Janeiro iniciando uma nova fase na sua vida e uma nova luta: Dar conforto à jovem esposa e preparar-se para a vinda dos filhos que, com a graça de Deus foram chegando e sendo acolhidos pelos orgulhosos pais. Assim nasceram Cristina, José Miranda Leal, Sandro, Valter e Luciana.

A responsabilidade de ser “ pater familiae ” tornou o Sargento Leal ainda mais dedicado ao Exército, pois sabia que tinha muito caminho a percorrer se quisesse oferecer melhores condições de vida à sua família. E foi isso que fez: Dedicou-se com mais afinco à carreira militar e em 08/10/1959 foi promovido a Subtenente.

Recebe novos elogios... Esforça-se... Supera-se e em 28/04/1961 é graduado 2ª Tenente do Quadro de Oficiais Especialistas do Exército.

Mais empenho, mais perseverança, mais trabalho, mais dedicação e mais elogios, vê coroado seus esforços com a promoção que recebe em 29/08/1963 ao posto de 1º Tenente.

Nessa nova função, executou diversas tarefas(deslocamentos) em missões cumpridas em vários estados da Federação, ligadas à sua especialidade, chefiando comboios de veículos destinados à várias Regiões Militares ou mesmo representando a Diretoria do Serviço Geográfico – onde estava lotado – em comemorações cívicas ou religiosas.

Nova série de elogios é consignada na sua folha corrida, mas começa a sofrer com a úlcera gástrica que o vinha incomodando há algum tempo.

Começa a partir daí, um período de algumas internações para tratamento de saúde, todavia, sempre que melhorava e tinha alta, voltava com afinco e dedicação às tarefas normais, sendo graduado Capitão em 25/08/1966.

No mês seguinte, em 20/09/1966, foi promovido ao posto de Major e transferido para a reserva remunerada, encerrando com brilho sua carreira militar.

O elogio que recebeu na ocasião da sua despedida, merece ser transcrito na sua parte final, pela eloqüência das palavras ditas pelo Sr. General Diretor do Serviço Geográfico, que tão bem sintetizou a vida militar do Major Leal. Depois de lembrar o período inicial do seu engajamento e a viagem para o teatro de operações na Itália, onde recebeu citações e medalhas de guerra, disse o Sr. General:

“ Nestes 5 anos que aqui serviu, foi promovido sucessivamente a 1º Tenente e a Capitão e onde sempre mereceu o respeito de seus superiores pela lealdade que imprimiu aos seus atos. Trabalhou no STO sem preocupação de hora, com invulgar dedicação e notável espírito de cooperação. Muito assíduo, pontual, rigoroso cumpridor de ordens e bastante disciplinado... A vida militar do Major Leal pode servir de exemplo a todos aqueles que desejam fazer carreira no Exército, pois ingressando como soldado voluntário sai no posto de Major, sem favores e sem proteção. Venceu pela sua tenacidade, seu esforço próprio, seu amor ao Exército “.

Indo para a Reserva, o Major Leal regressa ao seu Pernambuco e monta uma oficina, fazendo em couro bainhas e coldres para qualquer tipo de facas, punhais revólveres ou pistolas. Como trabalhava muito bem, tinha grande clientela.

No fim da década de 70, é acometido por uma doença que vai aos poucos minando sua resistência: O Diabetes.

Meus Irmãos: O Major Leal foi um lutador e um vencedor sob todos os aspectos:

-Venceu o analfabetismo e a mortandade infantil da época - 1921 – no agreste pernambucano;

-Venceu as vicissitudes da guerra, escapando de inomináveis e incontáveis perigos e, talvez mais importante;

-Venceu como chefe de família, mantendo um casamento unido e feliz, e conseguindo bem educar, cuidar, proteger e encaminhar para mundo os cinco filhos que teve, todos eles cidadãos e cidadãs que produzem e servem ao país dentro das profissões que escolheram.

O Major José da Silva Leal manteve correspondência com o Marechal Mascarenhas de Moraes por vários anos, praticamente até sua morte, dele recebendo fotos e livros com simpáticas e reconhecidas dedicatórias, chegando até mesmo a figurar na fotografia que se vê às fls. 510 do livro “ A F.E.B. pelo seu Comandante” na 2ª edição revista e aumentada, quando o General Mascarenhas de Moraes, autor do livro, recebe o título de Marechal.

Faz gosto de ver o então 2ª Sargento José Leal, ao lado de Deputados e autoridades brasileiras, aparecendo na famosa fotografia batida na entrada do Palácio Tiradentes em 12/12/1951.

José da Silva Leal, pernambucano de Inhumas e herói de tantas guerras, partiu para à luz em 07/05/1986, aos 65 anos de idade.





Histórico Militar até o fim da 2ª Guerra Mundial; Principais fatos

01/11/1938- Incorporado ao Exército sob o nº. 842;

12/12/1938- Matriculado na Escola Regimental;

02/01/1939- Matriculado no Curso de Condutores;

23/05/1939- Foi aprovado no Curso de Condutores, com grau 7,43;

24/05/1939- Foi transferido para a P.E., como soldado condutor;

27/11/1939- Foi tranferido para a C.M.B., como soldado condutor;

13/04/1940- Passou a disposição da Formação Veterinária Regimental;

17/10/1940- ELOGIO: - Foi elogiado pelo Chefe da F.V.R., vez que " se revelou digno do conceito que goza neste Serviço, estando sempre atento e vigilante no cumprimento das ordens recebidas ".

15/01/1941- ELOGIO: - Foi elogiado pelo Comandante da Companhia, 2º Tenente Serrão, " pelo bom cumprimento dos seus deveres e das ordens recebidas no desempenho de suas funções";

22/04/1941- ELOGIO: - Foi elogiado pelo Major Leonidas de Lima Botelho que o louvou pelo " espírito militar que sempre soube compreender a assistência que seus superiores lhe dedicam no sentido educativo e aperfeiçoamento físico e moral".

29/12/1941- Requereu e foi deferido seu reengajamento por mais 2 anos;

24/10/1942- ELOGIO: - Foi louvado individualmente pelo Coronel João Carlos Barreto, que ao deixar a Chefia do Estado Maior da Região, o elogiou " pela cooperação que prestou, dedicação e ação inteligente que o tornou credor dos seus aplausos".

07/11/1942- ELOGIO: - Foi elogiado individualmente pelo General João Batista Mascarenhas de Moraes, por ocasião dos exercícios militares realizados pela 7ª Região Militar, que o cumprimentou " pelo feliz êxito dos trabalhos alcançados nos referidos exercícios".

02/02/1943- Foi transferido para a 2ª Região Militar;

17/10/1943- Passou a disposição do General Mascarenhas de Morais devendo apresentar-se " aquela autoridade na Capital Federal ".

04/11/1943- Por ordem do Ministro da Guerra, passou efetivamente a disposição do General João Batista Mascarenhas de Moraes e na mesma data foi incluído no estado efetivo do Quartel General;

29/11/1943- Foi matriculado no curso de Motorista de Carros de Combate da Escola de Moto Mecanização;

09/02/1944- Foi transferido do Quartel General da 2ª Região Militar para a Companhia de Quartel General da Primeira Divisão de Infantaria Expedicionária;

08/05/1944- Foi julgado apto para as funções de motorista militar nos exames a que foi submetido na Escola de Moto Mecanização, sendo classificado motorista de categoria " A";

16/05/1944- PROMOÇÃO: - Foi promovido a graduação de Cabo Motorista;

02/07/1944- EMBARQUE no porto do Rio de Janeiro a bordo do navio norte-americano de transporte de guerra " General W.A. Mann ", com destino ao teatro de operações de guerra, participando do 1ª Escalão FEB.

16/07/1944- DESEMBARQUE no porto de Napóles-Itália, deslocando-se em seguida para a área número três da "Staging Area" de Bagnuoli;

24/07/1944- FELICITAÇÃO geral do Presidente Getúlio Vargas pelo bom êxito alcançado na travessia marítima.

11/08/1944- Deslocamento de Nápoles para Tarquinia por via férrea e de Tarquinia para Vada, em 22/08/1944, por automóvel, onde estacionou;

15/08/1944- Foi incorporado ao V Exército dos Estados Unidos;

28/08/1944- Seguiu para o Quartel General do Quinto Exército, como motorista do Coronel Castelo Branco;

29/08/1944- Foi classificado como motorista do " JEEPS" nº 339049, da Terceira Secção;

01/09/1944- Foi designado para o Grupo de Defesa Aproximada de Quartel General até à chegada da Companhia do Quartel General.

18/09/1944- Deslocamento por automóvel, de Vada para a região norte de Pisa, onde estacionou.

17/11/1944- ADOECEU no inverno, passando 04 dias no hospital.

03/03/1945- Deslocou-se com o Quartel General avançado de Barreta Terme para Lizzano in Belvedere.

26/02/1945- ELOGIO geral: Pelo Major General Willys D. Crittenberger, comandante do quarto corpo de exército, " que apreciou os feitos da nossa tropa na conquista de Monte Castello e nos avanços subsequentes.”

23/03/1945- ELOGIO INDIVIDUAL- pelo chefe da terceira seção que o louvou dizendo: “como motorista da terceira seção tem sido um elemento de inestimável desempenho em seu serviço externo. De grande perícia e segurança, de habilidade pouco comum e de inteira confiança pessoal. É um praça que pode trabalhar ao lado de Oficiais. Dedicado, pronto para trabalhar de dia e de noite e muito calmo, tem revelado uma conduta exemplar como motorista, quer sob bombardeios inimigos, quer em estradas dificílimas".

19/04/1945- DESLOCAMENTOS com o Quartel General Avançado, em operação de guerra, atuando na perseguição de tropas alemães e italianas: de Lizzano in Belvedere para Gaggio Montano; e a 22/04, de Gaggio Montano para Zocca, e a 24/04/, de Zocca para Vignola; e a 26/04/1945, de Vignola para Montechio.

02/05/1945- DESLOCAMENTO de Montechio para Alessandria.

21/05/1945- PROMOÇÃO para Terceiro Sargento e na mesma data recebeu ELOGIO INDIVIDUAL do comandante da companhia nos seguintes termos: " É justamente com prazer que este Comando ressalta neste momento a tarefa incessante deste homem que enfrentando as balas inimigas, os perigos das estradas, as intempéries, o gelo e a lama, o frio e o calor, atendeu durante toda a Campanha os transportes do Quartel General, cruzando a Itália de Sul ao Norte. E é com orgulho de comandar este soldado que o elogio nominalmente".

20/06/1945- ELOGIO COLETIVO: - Do Comandante do 15º Grupo de Exército, General Marck W. Clark, exprimindo o reconhecimento pela colaboração da tropa brasileira para a vitória final obtida no Teatro de Operações da Itália, dando destaque a captura da 148ª Divisão Alemã e a movimentação rumo ao Oeste em " forte perseguição aos alemães". E concluiu dizendo que " Foi um privilégio ter a Força Expedicionária Brasileira como parte do Décimo Quinto Grupo de Exército".

08/07/1945- CONDECORAÇÃO: Foi agraciado pelo Governo Italiano com a " Cruz ad valore militare"; ELOGIO INDIVIDUAL: pelo Coronel Chefe da Terceira Seção, nos seguintes termos: " Trabalhador e dedicado, foi um prestimoso e correto motorista, de grande competência técnica, na fase acelerada e difícil da ofensiva da primavera. No combate de Montese sob os bombardeios inimigos demonstrou serenidade no cumprimento das missões sempre pronto, nem a hora, nem a fadiga serviam de pretexto para deixar de cumprir, com satisfação, qualquer tarefa que lhe fosse imposta. Em campanha, bem serviu ao Exército".

24/08/1945- CONDECORAÇÃO: Foi agraciado com a Medalha de Campanha, criada pelo Decreto-Lei nº. 6.795, de 17/08/1944.

02/07/1945- Regressou ao Brasil com o 1º Escalão da FEB, chegando ao Rio de Janeiro no dia 18/07/1945.

Principais fatos do período Pós-Guerra:

31/01/1946- Foi excluído do estado efetivo da FEB em virtude da sua extinção.

30/07/1946- Elogio individual do General Mascarenhas de Moraes, agradecendo os cuidados que teve com sua segurança pessoal e asseverando “ as minhas melhores recordações do trabalho deste dedicado auxiliar na campanha da Itália” .

25/04/1947- Recebe a Medalha de Guerra com passadeira.

30/04/1949- Elogio individual.

01/11/1949- Foi aprovado no Curso de Mecânico com grau 8,75.

22/11/1950- Promoção ao posto de 2ª Sargento.

30/12/1950- Elogio individual pelo Sr. General José Daut Fabrício.

31/12/1951- Novamente elogiado pelo General José Daut Fabrício.

25/02/1952- Qualificado como motorista de Oficial General.

08/08/1952- Elogiado individualmente pelo Sr. General Comandante da Escola de Motomecanização.

16/04/1953- Recebe a Medalhe de Bronze por 10 anos de serviço militar.

08/12/1953- Motorista do Marechal Mascarenhas de Moraes.

08/02/1954- Promovido a 1ª Sargento.

12/05/1954- Recebe a Medalha do Pacificador.

09/09/1954- Elogio individual pelo Sr. Marechal Mascarenhas de Moraes.

12/07/1955- Elogio individual pelo Sr. Marechal Mascarenhas de Moraes.

01/09/1956- Elogio individual pelo Sr. Marechal Mascarenhas de Moraes.

07/08/1957- Elogio individual pelo Sr. Marechal Mascarenhas de Moraes.

11/05/1958- Elogio individual pelo Sr. Marechal Mascarenhas de Moraes.

29/11/1958- Casamento com D. Maria da Glória Miranda Leal.

08/10/1959- Promovido ao posto de Subtenente.

02/12/1959- Elogio individual pelo Sr. Marechal Mascarenhas de Moraes.

06/12/1960- Elogio individual pelo Capitão Ionan Ferreira da Silva, da 2ª Cia.

27/01/1961- Elogio individual pelo Capitão Ionan Ferreira da Silva, da 2ª Cia.

06/04/1961- Elogio individual pelo Capitão Ionan Ferreira da Silva, da 2ª Cia.

28/04/1961- Promovido ao posto de 2ª Tenente do Quadro de Oficiais Especialistas.

27/11/1961- Elogio Individual pelo Coronel Lauro Stein Stoll.

29/08/1963- Promovido ao posto de 1ª Tenente.

25/08/1966- Promovido ao Posto de Capitão.

20/09/1966- Promovido ao posto de Major e transferido para a reserva remunerada.

20/10/1966- Elogio individual quando da sua despedida do serviço ativo do Exército.



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