Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, disse hoje em entrevista à imprensa durante a 4ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da América Latina, Caribe e União Européia, que pode ocorrer a retirada do embaixador brasileiro da Bolívia por causa das declarações de Evo Morales. "Nós não vamos retirar o embaixador simplesmente pelo que ainda está sendo discutido. Agora, evidentemente, se nós verificarmos que não há diálogo possível, nós vamos examinar as opções que existem", disse o chanceler. Morales acusou a Petrobras de agir fora da lei e fazer contrabando no país.
Amorim afirmou que não ia fazer ameaças em público porque não considerava isso produtivo, mas disse que o governo pretende agir de forma firme, mesmo com a política de boa vizinhança.
"Nós agiremos com firmeza, mas também sem precipitação. Não podem esperar que o Brasil aja precipitadamente, mas isso não exclui a firmeza. E ela será mostrada da maneira adequada, nos momentos adequados", afirmou Amorim.
Inviável sem Petrobras
O ministro acredita que a construção de um gasoduto que atravesse a América do Sul, saindo da Venezuela e chegando à Argentina, não é viável sem a participação da Petrobras. Ontem, o ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Andres Soliz Rada, disse que a Bolívia não vai participar do Gasoduto do Sul se houver uma participação majoritária de capitais "transnacionais".
"Se a Petrobras não participar do gasoduto do Sul, não haverá gasoduto do Sul, muito simples", disse o ministro. "Daí vai ter que dar uma volta tão grande que vai virar o gasoduto do Oeste" acrescentou Amorim sobre a eventual possibilidade do governo boliviano rejeitar a presença da Petrobras no projeto.
O gasoduto bilionário foi apresentado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que nesta sexta-feira fez o convite à presidente do Chile, Michelle Bachelet, para que o seu país também participe do empreendimento, que promoveria a integração energética da região.
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