Recebi ontem uma proposta indecente, indecorosa e tentadora ao mesmo tempo. "Caro Sr. Luis, oferecemos-lhe um kit para montar seu site na internet. E o melhor de tudo: é grátis!" Quer proposta mais tentadora nesse terceiro milênio? Tirando as intempéries de conseguir acesso ao tal kit - coisa que terei de me dedicar daqui a alguns dias -, o que mais me aflige é o que colocar no tal sítio. Sugeriram fotos das férias, mas aí lembrei que meu caçula deixou a máquina fotográfica cair naquele pedaço de Atlàntico, próximo à estátua de Iemanjá. Talvez as penúltimas férias, até que podia ser uma boa. Porém, sei não, eu não tinha começado o regime e a barriga estava escondendo a sunga azul-marinho. Não pegaria bem. A página inicial do site recomenda montar um jornalzinho ou divulgar umas receitas culinárias. Jornaliznho me faz lembrar da época do colegial, época em que ajudei uns amigos a montar um jornal clandestino, meio subversivo, chamado "O Pirata". É, talvez seja uma boa. Mas receitas culinárias, isso não vai dar!
É claro que pretendo colocar meus textos lá e ficar para a posteridade. Anonimamente, mas pelo resto da vida, ou pelo menos enquanto a Microsoft permitir que tenhamos computadores pessoais ou enquanto algum terrorista não espalhe um antraz cibernético pela rede. Lá estarão "Minha senha, minha sina" e "Vou montar um site" - primeira e última cronicas que publiquei por essas bandas. Meus filhos se orgulharão de mim e espalharão pelo mundo afora que o pai é escritor. Isto até conhecerem Machado de Assis, Ubaldo, Verissimo (pai e filho) Updike e tantos outros.
Só tem um problema: acho que tenho uns cento e cinquenta textos. E transformar todos eles em html (viram como estou pegando o jeito de webmaster?) vai ser uma tortura fenomenal. Não tenho paciência para muitas coisas. Eu devia ter um diretório no meu micro particular contendo todos os meus textos, mas não tenho. Devia também fazer back-ups em disquetes ¾, para o caso de o PC apagar de uma hora para outra. Adio essas cópias de segurança há tempos. No fundo, acho que sou um preguiçoso. Então fico imaginando eu montando meu próprio site - cujo domínio ainda não escolhi. Queria dar um nome pomposo, criativo, e que figurasse no ibest. Mas sinto-me incapaz. Acho que vai sair um www.eusoufoda.com.br. Se eu fosse publicitário morreria de fome. Além disso queria colocar uns efeitos bem maneiros, daqueles que travam o micro toda hora, mas que são lindos, pirotécnicos, de efeito.
Certamente deixaria um espaço para o e-commerce, é claro! Clique aqui para comprar um casal de periquitos que me dá um problema danado para limpar a gaiola. Clique acolá para assinar um número de rifa e concorrer a um maravilhoso triciclo motorizado para crianças de até oito anos que eu paguei uma fortuna e que está encostado no fundo do quintal. R$ 1,50 o número! Minha cunhada faz empadas "daqui, ó!" e também podiam ser colocadas à venda. O problema talvez seria entregar no Piauí, mas os negócios vão crescendo e, com tanta companhia "EX" que tem por aí, quem sabe não conseguisse fazê-las chegar à s mãos dos clientes ainda quentinhas?...
Enfim, sonhos. Não sei o que vai dar meu site. Eu queria transformá-lo em algo útil, como o do Fauth, mas não tenho a paciência do meu amigo Wallace para manter o conteúdo atualizado. Não tenho esta pretensão. Aliás, pensando bem, acho que vou mandar meu site à s favas! É melhor deixar como está. É, é melhor.
