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Cronicas-->EXERCíCIO DA LiBERDADE -- 23/01/2002 - 23:28 (Isaura L.P.Nascimento) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Nos tempos da ditadura militar, eu tinha uma pequena flàmula comunista que levava com carinho, pois para mim representava a liberdade e igualdade de todas as pessoas. Mas, ouvia de amigos expressões de apreensão e cuidados com o perigo que corria carregando-a dobrada dentro de um livro. Não tinha noção do perigo que corria quando, durante manifestações, a polícia cercava ruas, jogava gás para dispersar o povo e eu me metia no meio da confusão, corria, entrava em lojas para me esconder, sem ter quase nenhuma aspiração política e não pertencer a nenhum grupo de luta contra a ditadura. Passeata contra isso ou aquilo? Lá estava eu. Bastava ser a luta do meu povo, chorava de emoção e participava. Não tinha idéia de quantos eram presos, torturados e quantos morriam. Os jornais da época eram obrigados a publicar receitas culinárias em vez de informações e opiniões a respeito. A censura cortava tudo. Os não ativistas e o povo não tinham idéia do que acontecia. Participava, mas, meio alienada dos acontecimentos, lendo ingenuamente alguns panfletos jogados de vez em quando nas ruas. Mas não era reacionária.

Fomos aos poucos conquistando a democracia. A imprensa ganhou liberdade de expressão e os principais meios de comunicação conseguiram
derrubar a censura. Mas, a fome de expressar opiniões livremente foi sinónimo de permissividade. Lamentável para alguns segmentos transmissores de imagens visuais. Existe um botão de desligar, diziam, defendendo a ampla liberdade de decidir o que apresentar ao público. Liberdade de expressão é também liberdade de opinião? Nem sempre o que acho bom para mim é bom para o meu vizinho ou meu parente ou para o povo do país do lado. Nem sempre o que leio me agrada ou apoio, nem sempre é verdadeiro. Talvez agrade o vizinho e ele acredite no que lê. A imprensa é poderosíssima e pode mudar o rumo da história, causar terror, derrubar alguém, prender inocentes se não observar a responsabilidade e o cuidado com a diferença entre o fato contado e o acontecido, para poder divulgar com imparcialidade e equidade. Mais perigoso ainda é o lado que recebe as informações. A mesma notícia pode ser sentida e interpretada de diversos modos. A liberdade de expressão sempre terá dois lados: o transmissivo e o receptivo.

A liberdade de expressão também é geográfica e cultural. Em uma fila, na Disneyworld, por coincidência a maioria brasileiros, cansados de esperar a vez, começaram a gritar e cantar temas de torcidas que de imediato animou e alegrou a todos. A cantoria foi aumentando e assustou os americanos, alguns seguranças se aproximaram e uma pequena lanchonete ao lado da fila fechou as portas. Duas reações diferentes: o que, para os brasileiros, era divertimento e alegria, para os americanos, uma ameça de agressão física por baderneiros.

Tomando gosto pela difícil arte de escrever, comecei a enviar pequenas opiniões e críticas a respeito das atuações de alguns políticos e acontecimentos em nosso país, para um conhecidíssimo jornal de nosso estado. Muitas vezes, movida pela revolta às injustiças cometidas junto as áreas da saúde e educação, aos pobres aposentados, escrevo duras críticas ao governo, que aí está com a ajuda de meu voto, rechaçando certas imposições de impostos e leis, das quais discordo. É um alento, para mim, quando é publicado. Tenho a sensação que dei um recado diretamente ao responsável e que estou cumprindo uma obrigação cívica. No entanto, a cada publicação, sou chingada por algum ativista de direita, que anónimamente, por telefone, se acha no direito de querer me intimidar e restringir minha liberdade de expressão. Liberdade que defendo com todo empenho e vontade num esforço permanente, pois se deixar-me cercear por esse tipo de imposição é aceitar perder o compromisso que tenho com a democracia que me foi dada a custo de muita luta, sacrifícios, torturas e mortes e o direito que tenho de expressar minha opinião.

Mesmo que não exista "nenhuma lei ou ato de poder que restrinja a liberdade de expressão ou de imprensa, seja qual for o meio de comunicação", nossa liberdade será sempre ameaçada por atos de agressores autoritários que, por interesse próprio, impõem suas idéias com violência e arbitrariedade. A luta pela liberdade de expressão é um exercício permanente contra a intolerància de opressores.

Isaura L.P.Nascimento
16/02/1998

Enviado para:
Sociedad Interamericana de Prensa - SIP
2911 N.W. 39TM Street
Miami - Florida 33142
USA

1º aniversário entre os dias 9 e 13 de março de 98



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