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Artigos-->NIMUENDAJU- Um alemão que virou índio no Brasil -- 23/05/2006 - 15:11 (Wilson Vilar Sampaio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CURT NIMUENDAJU E OS ÍNDIO DO BRASIL INCLUSIVE OS XUCURÚS DE PERNAMBUCO.



por Wilson Vilar Sampaio.





Curt Unkel nasceu na cidade de Jena- Turíngia, na Alemanha, em 1883. Veio para o Brasil em 1903 com emigrantes alemães que iriam trabalhar nos cafezais de São Paulo. Porém, diferentemente dos seus patrícios, a beleza do lugar e a proximidade de encontrar índios selvagens atraiu o jovem Curt para o que seria sua verdadeira vocação: Indianista e Explorador.



Aliás, era sua vontade desde jovem conhecer e estudar os índios do Brasil, talvez por causa do relato das viagens de Hans Staden, que no século XVI esteve em nosso país( Capitanias de Pernambuco e São Vicente)e ficou prisioneiro dos Tupinambás, escrevendo o livro " Duas Viagens" que se tornou muito popular, na época, merecendo dezenas de edições até início do século XX.



Com efeito, em 1905 descobriu nas matas do Oeste de São Paulo, quase divisa com o Paraná, os índios Guarani –Apapocuva e, encantado, passou a viver na aldeia, sendo posteriormente adotado pela tribo em 1906 e batizado com o nome indígena “ NIMUENDAJU “ que significa “ O ser que se cria ou que faz o próprio lar “.



Realizou importantes trabalhos de pesquisa lingüística junto aos Guaranis, estudando também o aspecto cerimonial/religioso e suas tradições. Escrevia em alemão e remeteu seus cardernos de anotações sobre os índios Guarani para uma revista especializada em antropologia na Alemanha, interessando os editores que publicaram seus estudos e o contrataram para novos artigos.



Começou deste modo a saga do alemão que se apaixonou pelos índios do Brasil e tornou-se o maior etnólogo, cartógrafo, historiador e topógrafo das tribos indígenas do país, no seu tempo.



Curt Nimuendaju estudou minuciosamente cerca de 30 povos ou nações, escrevendo mais de 50 livros sobre eles. Seus artigos e estudos ganharam páginas e mais páginas nas revistas da Alemanha, Áustria, França, Suíça, Estados Unidos e Brasil, entre outros.



Efetuou trabalhos para vários museus internacionais( Gotemburg, Dresden, Hamburgo, Leipzing, Carnegie Institute, Museu do Pará, do Paraná e Ipiranga de São Paulo), Universidade da Califórnia-USA - e até mesmo o SPI- Serviço de Proteção dos Índios, do qual era colaborador, o maior, talvez.



Não tinha o menor interesse financeiro. Trabalhava movido apenas por interesses humanitários em relação aos índios, construindo uma obra inigualável, que abarcava toda a etnogênese das várias tribos estudadas.



Para se ter uma idéia da abrangência do trabalho de Nimuendaju, em 42 expedições ele andou pelas regiões mais afastadas e selvagens do Brasil, tais como Amazonas, Pará, Mato Grosso, Ilhas de Marajó e Tapajós, Maranhão, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, de 1903 a 1945.



Estudou, fez escavações arqueológicas e escreveu dados lingüísticos, religiosos, tradição e folclores dos seguintes povos: Arara, Apinayé,Botocudo, Buníwa, Canela, Fulniô, Gamela, Gorotire, Guajajara, Guarani, Kaingáng, Kaipó, Kaipó dos Arraias, Kamaká, Kraho, Krepúnkateye, Krikati, Icaiguá, Juruna, Machaçari, Maku, Matanawi, Mura, Ofayé, Orti, Parintintin, Patachó, Pirahã, Pokópue, Tariâna, Tembé, Terena, , Timbira, Tora, Tukuna, Tukano, Urubu, Xerente, Xipaya, e Wanãna.



Com o material compilado e colecionado nessas andanças, escreveu o “ Mapa de Proporções Etno-Histórico “ em dois volumes, para o museu do Pará, que é o mais importante trabalho já realizado sobre o assunto , versando sobre a “ Sociedade Indígena “ e “ Ortografia”, no 1º volume, enquanto que no 2º volume discorre sobre localização das tribos, migrações realizadas e filiação lingüística. O livro é repleto de ilustrações a bico-de-pena feitas por Nimuendajú, além de informar sobre melodias, folclore, religião e costumes.





Em 1934, Curt Nimuendaju leu vários artigos escritos por Mário Melo sobre os índios de Pernambuco, os quais estariam em franca decadência lingüística e religiosa, sem respeitar a tradição de seus ancestrais.



Eram eles os remanescentes das antigas tribos Tapuias, destacando-se os índios Xucuru e Carnijó(Fulniô), que habitavam Cimbres, na Serra de Ororubá, e Águas Belas. Interessou-se sobremaneira pelos Xucurus de Pesqueira(Cimbres), os quais salientou que:



Eles conservam estigmas dos ameríndios como tais facilmente reconhecíveis. Vivem desagrupados, sem conservarem tradição, religião ancestral e a língua que outrora falavam. Curt conseguiu localizar cerca de 10 indivíduos mais velhos que lembravam de algumas palavras do idioma que falavam, as quais Curt Nimuendaju listou as seguintes:

Homem- Xenupre

Mulher- Moéla

Fogo- Intóa

Água- Téu

Pedra- Kebra

Cabeça- Kreká

Olho- Pigó

Orelha- Bandulak

Boca- Mãz

Nariz- Korozá

Língua- Isarágo

Dente- Cilodé

Mão- Koreké

Pé- Poyá

Casa- Sek



Pelo som dessas palavras, que Nimuendaju reproduziu em português, ele concluiu que não tem parentesco lingüístico com outras famílias tais como Cariri, Carnijó(fulniô), timbira, Guarani/tupi.



Pelo modo de trabalhar o barro, Nimuendaju anotou que eles não tiveram contato com outras tribos mais adiantadas, pois o método utilizado para confeccionar tigelas é dos mais primitivos: Preparam a argila de um bloco de barro sobre o solo e começam a extrair o barro do centro do bloco deixando as paredes.



Outro método também é primitivo: Colocam a argila sobre folhas; torcem-na como alfenim e fabricam o vaso com camadas sobrepostas dos “ alfenins de argila “.



Ver o artigo “ Etnografia Pernambucana- Os Xucurus de Ororubá” publicado na revista do IAHG-PE, volume 33, números 155 a 158, de 1933-1935, p. 44/45.



Curt Unkel Nimuendaju, naturalizado brasileiro desde 1922, viveu como quis e morreu em 1945 como desejou: Em uma aldeia indígena, sem nunca mais ter voltado ao convívio demorado com os brancos, cercado de Pajés e Guerreiros que ainda hoje contam histórias sobre ele, nos mais longínquos lugares da região amazônica.









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