OLINDA-PE E O COMPOSITOR INGLÊS HENRY PURCELL.
por Wilson Vilar Sampaio
Henry Purcell foi considerado pela BBC como o mais talentoso, o mais versátil e o mais brilhante compositor inglês no período da Restauração da Inglaterra, embora só tivesse vivido 36 anos.
A afirmação acima partindo da vetusta BBC não é exagero. Purcell nasceu em 10/09/1659 e faleceu em 21/11/1695, sendo enterrado na Abadia de Westminster 5 dias depois, com honras oficiais.
Com efeito, Purcell apesar de muito jovem, foi convidado em 1679 para ser o principal organista – Mestre Capela - e Compositor daquela secular Abadia.
Sua popularidade deveu-se ao fato de além de possuir inegável talento musical, saber aproveitar a sonoridade da língua inglesa nas óperas que compunha, sendo por isso considerado um verdadeiro gênio precursor da nascente Ópera Inglesa.
Nas composições que incluíam discursos, as chamadas semi-óperas, era considerado inigualável e compôs muitas neste estilo, alcançando sucesso com 4 delas, que tornaram-se muito populares: Dioclesian, Rei Arthur, Rainha Fairy e Rainha Indian.
Sua versatilidade na arte de compor e sua virtuose como instrumentista foram aparecendo naturalmente sob a forma de músicas de câmara, sacras, coral, óperas, semi-óperas e músicas da Corte, tanto fúnebres quanto de coroação, como o funeral da Rainha Mary II e a coroação dos Reis James II e William III.
Uma música sacra de sua autoria, uma vigília religiosa chamada “ OLINDA IN THE SHADES UNSEEN “ que se traduz como “ Olinda oculta nas sombras” composta em 1694, despertou curiosidade nos pernambucanos quando foi apresentada no Recife, no Teatro Apolo, em 10/07/2002, pelo contratenor Sebastião Câmara.
A música é realmente bonita e nostálgica, e a letra, deveras estranha(não se sabe quem foi o autor), nos faz pensar naquela Olinda incendiada pelos holandeses em 1631 e que nunca mais recuperou o antigo esplendor dos tempos Duartinos.
Confiram a letra no original em inglês e na tradução compilada do Jornal do Commércio de 11/08/2002:
Olinda in the shades unseen, – Olinda oculta nas sombras,
Forgot as though she ne’er had been. - Esquecida como se nunca tivesse existido.
Reflects upon her pleasures past, – Divaga sobre os prazeres passados,
And sighing cause they fled so fast- E suspirando pela sua ida
Cries, “ Ah. Retum! But all in vain,- Veloz, clama: Ah. Voltem! Mas tudo é em vão,
Time past can never come again- Tempos passados jamais voltarão.
Pode ser coincidência, mas quem sabe se Purcell leu livros que falavam sobre o Brasil Holandês, tais como “ História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil” editado na Holanda, em latim, no ano de 1647, com edição em alemão no ano de 1659? Ou mesmo os livros “ Diário de um Soldado “ de Ambrósio Richshoffer, publicado em Strasburgo em 1677 e “ Olinda Conquistada” do Padre João Baers, impresso em Amsterdam, em 1653? Ficando penalizado com o que aconteceu à Marim dos Caetés? Invadida, saqueada, incendiada e por fim desprezada pelos holandeses e , quando da Restauração, esquecida pelos governantes da época?
Ou quem sabe o letrista tenha igualmente lido um livro ou conhecido alguém que havia estado, morado ou lutado em Olinda?
Não sei. Talvez seja impossível saber... Mas como seria bom que Purcell e o letrista desconhecido estivessem realmente prestando uma homenagem à Olinda, a mais importante cidade das Américas em 1630.
Quem quiser obter o disco com a música, é só procurar nos catálogos : “ Olinda- Vigília Religiosa- Purcell- Música do Teatro e Canções Sagradas “ – Performer: Alfred Deller,
Orquestra: Consort de Deller” - Etiqueta : Harmonia Mundi, datado de Janeiro de 1991.
E quem quiser apenas ouvir, entre na Internet com a Pesquisa: “Olinda by Henry Purcell”, na Web, quando abrir, procure : “ Amazon.co.uk: Purcell- theatre music and sacred songs: music-Asin/B000027051, selecione e tire as suas próprias conclusões.
Fontes de pesquisa:
Deutsche Grammophon Collection, ed.Altaya S.A- 2000.
BBC Londres- Detalhes Biográficos de Purcell
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