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Cronicas-->Alistamento Militar -- 22/04/2000 - 18:28 (Daniel Igor Dutra Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O aqui narrado foi fato.
Há algumas semanas fui alistar-me no exército. É sabido, e se você não sabe agora fica sabendo, que o processo de alistamento é algo muito lento e cansativo, tanto para quem se alista como para quem trabalha lá. É normal ser atendido de forma pouco educada pelos funcionários e é mais normal ainda ficar algumas várias horas na fila, esperando por atendimento.
Bem, iríamos eu e um amigo. Dormi na casa dele para que fossemos o mais cedo possível, e falo cedo referindo-me à estar na fila do alistamento às cinco e meia. Dormi na casa desse amigo porque, além de irmos juntos, iríamos de carro. Claro, isso não melhora muito o fato de ter de acordar antes das galinhas.
Noite mal dormida. Subestimei o cobertor, achando que ele não seria necessário para aquecer-me durante a noite. Mas acordei descansado e fui tomar um banho para poder ficar mais ativo.
Café tomado, pé na estrada. Pé não, rodas, pois fomos de carro. Uns trinta minutos de profundo silêncio, como se estivéssemos indo para o corredor da morte ou para a guerra. Lembrei dum caso de "papo cabeça", mas isso eu conto depois.
Felizmente chegamos e não havia guerra nem seringa. Mas fila já havia, não muito grande, e fazia frio. Disso eu me lembro bem pois eu desejei o sol avidamente e ele parecia estar demorando mais a acordar do que o habitual. E quando estava levantando, ainda fez que estava com sono e saiu pé por pé. Ah, já ia me esquecendo, a fila aumentava cada vez mais, mas só fui me dar conta disso quando a junta do exército abriu e todo aquele povo foi entrando.
O alistamento começou pouco antes das sete horas, e logo um funcionário bradava, para quem quisesse ou não ouvir, algumas instruções. Foi aí que começou o meu tormento, pois o funcionário do exército pediu (e faço o maior esforço do mundo para escrever "pediu") para que todos nós já dispuséssemos da certidão de nascimento, comprovante de residência e foto 3x4 nas mão. Bem, eu estava sem a certidão e fui informado de que poderia voltar lá na parte da tarde, uma hora em ponto. Como estava cedo, esperei um pouco o amigo que me acompanhava e o tempo passou até as 9 e meia. Enfim ele voltou para a escola e eu para casa.
Em casa, saí para tratar de alguns compromissos e quando voltei, já um pouco sonolento, tratei logo de ir me alistar. Peguei um ónibus, sentei-me e percebi que estava era com muito sono. Percebi também que iria chegar atrasado ao meu destino. Para piorar, havia congestionamento no centro e, como nunca, desejei que estivesse no tempo de Machado de Assis, quando o que mais havia nas cidades era bonde e carroça. Teve também um mulher que foi atropelada, acidente o qual eu presenciei e que me animou. Não pensem que sou um insensível, o que acontece é que depois de tantos acontecimentos não há quem consiga dormir.
Bem, finalmente chego ao meu destino e eram duas e meia. Vou logo dizendo ao funcionário sem-educação o que eu estava fazendo ali. Ele responde categoricamente:
- Eu disse uma hora. Volta aqui amanhã às sete e não se atrase.
No meu pensamento houve uma interrupção. Não conseguia acreditar no que acabava de ouvir. "Não era possível", eu dizia, "hoje eu acordei muito cedo, isso não pode estar acontecendo". Por alguns segundos tive todos os sentidos desligados. Não havia mais ninguém em mim. Quando o colapso acabou (algo que não durou nem um segundo) eu fui embora. Ainda não tinha percebido, mas o estrago tinha sido grande.
Não sou de briga, tento ser sempre o mais racional possível. Maior prova disso foi que não percebi que estava nervoso. Na verdade concluí que deveria estar nervoso. Penso, logo existo. Pensei estar nervoso, então eu estava nervoso.
Me imaginei quebrando uma lixeira presa num poste pela qual passava em frente e depois sentando no chão, à espera de algum policial que viesse me prender. E se ele me perguntasse "Por que você fez isso?" eu o mandaria à merda.
E digo que o pensamento foi tão forte que, no outro dia, quando voltava para me alistar, não havia mais lixeira e tão pouco havia o poste que a sustentava.
Eu, pelo menos, não vi.
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