A SOLIDÃO DO RADIALISTA.
Ana Zélia.
Rei entre quatro paredes.
Um foco de luz vermelha dentro do estúdio acende.
NO AR! (silêncio só ele fala)
__ SOLTA A VOZ! (microfone moderno ou o famoso boca de ferro o deixa comandar.
A mensagem vai ao ar. As ondas sonoras, tropicais ou modernas se encarregam de levá-las bem longe,
ao mundo, via Internet.
Do outro lado, outro profissional, quase em extinção, se mantém atento.
É o Operador de áudio. Hodiernamente, o locutor faz tudo, usando o computador.
“ em cima do prato debaixo da agulha”, o som, a voz, a música toca.
Nem fala, apenas balbucia.
Aqui tudo parece magia, sedução. Botões, luzes, fios...
Discos, CDS, MP3... Cantores mortos, vivos, sem nome, renomados, Imortais...
Estrelas... Vedetes... Sonhadores...
Nos intervalos o telefone, o celular toca.
Ele se solta novamente conversa, atende.
Demonstra uma felicidade infinda. É ouvido, ouve, fala...
O RÁDIO É O ELO ENTRE LOCUTOR E OUVINTE.
AS ONDAS VÃO LONGE E ELE SURFA NAS ONDAS POTENTES,
SONORAS, SE TORNAM SURFISTAS AÉREOS.
SEM LIMITE, SEM MEDO DE SER FELIZ.
Uma mensagem lida, copiada ou emitida de dentro de si, uma noticia,
um aviso, um recado emocionado, um pedido, a poesia que diz do Amor.
Cumpre o horário.
Aqui tudo é medido, contado em minutos, segundos...
Tímido, fora do estúdio, a solidão. Já nem sorrir.
Anda, vagueia, passeia por entre a multidão. É um mero desconhecido.
Cabisbaixo perde a voz, o instrumento de comunicação.
O Rádio é uma paixão, uma doença.
Os apaixonados sofrem com razão.
A paixão é passageira, um dia acaba.
A voz desaparece e o locutor sofre.
O radialista é um eterno apaixonado pelo que faz.
Tudo nele é alegria, alegria.
Como eu dizia:
JÁ ESTAMOS SURFANDO NAS ONDAS SONORAS, DA EMISSORA MAIS OUVIDA DE MANAUS.
(cantando)
PASSO A SEMANA INTEIRA, PENSANDO SÓ EM VOCÊ,
AGUARDANDO PELA HORA DO ENCONTRO ACONTECER.
cantando-
VOCÊ QUE ME ESCUTA COM MUITA ALEGRIA,
É A RÁDIO DO POVO, TRAZENDO POESIA...
QUE EU NUNCA MAIS FIQUE SEM VOZ, PORQUE SOU COM MUITO ORGULHO.
R A D I A L I S T A.
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Hoje, homenageio todos os colegas radialistas, por dez anos,
produzi e apresentei o Programa Momento Poético, como colaboradora,
pois cultura em meu País é artigo de luxo.
Poesia é vaidade pessoal e assim seguimos tentando gritar,
falar, de cabeça erguida. Ana Zélia
|
