SEXTA-FEIRA
Chove, é noite.
As palmeiras, as mangueiras, as folhas
Balançam agitadas ao vento.
Um programa qualquer me distrai.
Só a literatura me impede de morrer
Tenho arroz, feijão, limão
Mas não tenho Nescau.
A faculdade é o único sentido do viver,
O adoçante acabou.
O telefone cortado,
O meu poema premiado.
Um artigo elogiado,
O meu Visa bloqueado
Aquela asfixia da Sexta-feria,
Entediado assisto Globo Reporter
Passatempo de intelectual desempregado.
Ligo o rádio, toca pixies
Um aperto no peito
Entalado com bolacha, banana
Quando poderia ser brigadeiro e marzipam.
Acordar cedo, a faxina de Sábado de manhã.
Acelerar tudo isso com esse Diazepam.
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