O mundo transformou-se literalmente em uma enorme fila. O crescimento populacional e os avanços tecnológicos foram e continuam a ser os responsáveis pelo aumento das filas nos mais distintos setores do atendimento humano.
Temos as intermináveis filas da Previdência Social, dos Postos de Saúde, das Casas Lotéricas e dos Bancos entre outras. Em cada local, à medida em que os problemas aumentam em razão das filas, as pessoas gritam pelos seus direitos. Daí, idosos, senhoras gestantes ou com crianças no colo e deficientes físicos ganharam através de Lei o direito do chamado pronto-atendimento.
Nota dez pela decisão mais do que justa no entanto, aquela antiga e famosa “Lei do Gérson”, que incita “a levar vantagem” continua vigorando num paralelo cada vez mais surpreendente.
É notório que ninguém aprecia ficar numa fila, perdendo seu precioso tempo enquanto existem outras coisas mais importantes a serem feitas em seu trabalho ou em casa. Mas convenhamos; uma vez que se faça necessário encarar uma fila, não há do que reclamar afinal, somos todos cidadãos, independente na nossa condição financeira e, se o Ar e a Lei devem ser iguais para todos...
Mas o que se observa, principalmente nas agências bancárias é o cinismo e a cara-de-pau de muitas pessoas que acabam “burlando” através de uma típica malandragem à brasileira, a vez dos que ali estão esperando o atendimento. Temos assim, senhoras que chegam com criança no colo, só que a criança já tem mais de 5 anos de idade. Temos velhinhos que chegam para o atendimento, acompanhados pelo filho ou filha, o que é absolutamente normal porém, as operações são feitas pelos filhos, em geral, movimentam a conta, fazem transferências e pagam seus compromissos utilizando a figura do seu parente idoso como uma forma de álibi para acobertar a sacanagem perante dezenas de outros cidadãos que geralmente, por uma questão de educação e cidadania, acabam ficando quietos diante daquela atitude tão grotesca. O pior, é que no banco, não existe um funcionário a quem se possa comentar o fato e pedir providências. Já não basta o número medíocre de caixas para atender e ainda temos o famoso problema sem solução pois, um cliente polpudo, com certeza, “furando” ou não a fila, é sempre mais interessante ao banco do que aquele bando de fieis trabalhadores que lá estão para pagar suas contas de água, luz ou telefone. Em suma, uma vergonha diante de tantos olhos atentos que acabam concordando sem auferir uma palavra sequer. E existem outros casos em repartições públicas que, visando evitar “dissabores” afixam nas paredes um cartaz que inibe o cidadão dizendo que “ofender ou desacatar funcionário público pode dar cadeia”. E não podemos esquecer as filas de inscrições em concursos ou para reserva de estandes em grandes eventos, onde pessoas chegam a pernoitar por alguns dias em troca de uma gratificação por parte do interessado.
Que Brasil grande é o que habitamos. Que Brasil sem vergonha na cara é onde vivemos. Precisamos de muita, mas muita educação por parte dos cidadãos, principalmente, para que possamos mudar situações degradantes como estas que vivenciamos todos os dias em todas as nossas grandes cidades. Pare, pense e seja educado! Somente ofertando bons exemplos, é que poderemos um dia nos colocar nos chamados “degraus do primeiro mundo”.
