Era uma vez um menino chamado Simão Ribeiro Junior. Filho único, Simão vivia com seus pais numa chácara e geralmente, brincava sozinho já que seus amiguinhos moravam afastados.
O fato de brincar sozinho, na maior parte do tempo, fez com que Simão se tornasse um garoto criativo. E graças a esta criatividade, Simão tinha um enorme baú onde ele costumava guardar as coisas mais inusitadas: linhas, papéis, rodinhas de carrinhos, lápis de cor, moedas velhas, bola feita de meias, dente de leite (até isso ele guardava), chiclete já mascado (eca), fotos de seus avós maternos e paternos, pedras, figurinhas e tudo o que se podia imaginar.
As horas mais felizes para Simão eram quando ele pegava seu baú e criava situações diversas, como quando ele imaginou que era um dentista renomado que extraíra o dente de uma famosa atriz que, banguela, tivera de participar de uma sessão de fotos. Por falar nos objetos do baú de Simão, um velho lampião era outra coisa que ele adquirira. E como tudo que é novidade, nós acabamos evidenciando demais, Simão ganhou o apelido de Simão Lampião porque não largava o tal objeto.
_ Simão, larga esse lampião! – dizia seu pai com olhar de reprovação.
E lá ia Simão guardar seu lampião no baú.
_ Simão, o que você está fazendo com esse lampião? – indagava docemente sua mãe.
_ Simão, de novo esse lampião? – dizia sua avó encabulada por ter presenteado Simão com o lampião.
_ Simão, olha o lampião no meio da cozinha! – repreendia sua mãe.
Simão, Simão, Simão Lampião.
Simão acabou gostando do apelido, tanto que um dia se pegou repetindo em pensamento: “Simão Lampião Coração de Melão”.
Entrou afobado em casa:
_ Mãeeeee...sabia que meu lampião me iluminou até eu chegar a um planeta encantado?
_ O quê? – disse a mãe sem dar muita atenção.
_ É mãe, o nome do planeta é Bolotão! – falou convicto Simão Lampião.
_ Sei filho. - falou a mãe ainda sem demonstrar interesse pelo o que Simão dizia.
_ Lá eu vi muitas coisas: vi melão, vi mamão; avistei um quindão, um balão e um caminhão...ah e ainda dei de cara com um anão doidão sentado num dragão!
Neste momento, Dona Lucinda parou de lavar a louça do jantar e sorrindo para Simão, comentou:
_ Por acaso, lá neste planeta não havia assim uma cachoeira feita de suco de limão? – (limão era o suco predileto de Simão) –
_ Havia sim! A senhora também conhece “Bolotão”?!
_Quase isso, Simão! Vamos dizer que quando eu era uma garotinha assim da sua idade conheci o “Planeta das Rimas”. Cheguei até a ver uma abelha que adorava ser pentelha, e também...
_ Ah, quase esqueci de falar, mãe! Eu vi em “Bolotão” um gavião e também um leão! Eles eram mansos, brinquei com eles. O gavião, com suas garras segurou-me pela roupa e me levou para sobrevoar um campão. O leão correu comigo em suas costas, enquanto eu me segurava nele por um cordão.
Dona Lucinda, à medida que Simão ia falando, ria muito das coisas que o filho contava e acrescentou:
_ Sabe Simão, no “Planeta das Rimas” também vi inúmeras coisas: um guerreiro que tinha medo de chuveiro, gatos que eram amigos de ratos, um caderno muito moderno, uma mesa que dizia chamar-se Neuza...
_ Neuza?! – falou Simão, surpreso. E neste lugar existiam pessoas, mãe?
_ Lógico! Tinha um tal João que queria se chamar Simão. Uma garotinha chamada Raquel que adorava comer pastel, um menino com o nome de Marcelo que não ficava um dia sem comer marmelo, uma jovenzinha chamada Daiana que todo dia comia de sobremesa uma banana, um senhor com o nome de Carlos que tinha os pés cheios de calos e também uma garota chamada Milene que tinha um ar todo solene.
Enquanto Dona Lucinda ia contando mais particularidades sobre o “Planeta das Rimas”, os olhos de Simão Lampião foram marejando de sono.
_ Nada de dormir agora, meu anjo! Vá já tomar um banhão, Simão Lampião Coração de Melão! – murmurou Dona Lucinda antes que Simão pegasse no sono.
E assim Simão Lampião Coração de Melão um banhão tomou, logo após dormiu e sonhou com seu lampião, com um coração, com um dedão, com um cordão, com um barão, com um latão, com um macacão...credo e até com um diabão! (Que isso? Acabei me confundindo! Simão Lampião não sonhou com um diabão, não! Sonhou sim com um DIA BOM para a manhã seguinte).
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