Furto de realidade
Flávio Lucena
Que surto terrível,
Desatino de palavras loucas,
Furtivas lembranças de coisas inexistentes,
Imagens em céu anil,
Gargalhadas de horror,
Oportunistas infernais.
Meus inimigos,
são esses...
do rei e sua coroa,
são perseguidores,
ovnis infernais,
em pele de homens,
vozes...
zumbidos...
ordens...
ordenações malditas,
de morte...
de vida.
Dedos pontiagudos...
de acusação...
delação desta minha condição.
Herança deste gene maldito.
Prisão esta minha incapacidade,
subtração de mim mesmo,
insensibilidade,
frieza sentimental,
complor maldito.
Meus companheiros,
são estes soldados de verde,
armados,
companheiros,
finjo não vê-los...
mas...
é impossível, não percebe-los.
E esta minha náusea,
de drogas marcadas,
consumo diário,
medido,
cronometrado,
coleira que acorrenta-me,
prende-me da ação,
da execução apocalípticas das vozes do além.
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