Sangue Amarelo
Flávio Lucena
Trilhando o caminho dos antigos,
Sigo esta desgraça premeditada,
De vozes que ecoaram do passado,
Sussurros de meus antepassados,
de meu irmão morto,
morto...
morto...
morto pela morte de meu tio...
pela morte de meu avô,
meu tataravô
Sangue que escorreu da ribanceira...
desceu pelo telhado de minha casa.
Vivo e morro por esta tradição mosaica,
De tempos tais...
Sob o código da Lei de Hamurabi,
Vivo esta sina...
Olho por Olho...
até que todo mundo perdeu o olho,
sigo assim,
nesta caatinga seca...
ando como caolho,
O sangue de um,
possui um valor a ser cobrado...
o sangue doutro,
mais um...
menos um...
mais um...
menos um...
até que...
nessa lei do cão...
não sobre nenhum.
22.05.2002
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