Sobras do nada
Flávio Lucena
Vou quebrar o resto de tudo
Tudo que sobrou,
Tudo que restou,
Trapos em ruínas,
Molambos suados,
estilhaçados
Livros velhos,
rasgados.
Vidros empoeirados,
largados
fetiches, sonhos sangrados,
Vou jogar...
No lixo toda miséria
Vomitar...
d alma minha desgraça
abortar esta cria...
tudo que em mim habita...
sentimentos embrionários...
saldos de paixão
entulhos, sobejos deste amor,
despojos de corpos sentimentais,
escarros verde cintilante,
Direi adeus...
matarei Felícia ,
abandonarei o velho ano,
celebrarei este novo,
em destroços o coração,
pedaços de nada,
restolhos...
raízes partidas,
machado ensangüentado
Partirei sem saudades,
sem adeus,
despedidas,
levarei apenas o pó,
as sobras daquilo que eu não me desvencilhei
João Pessoa, Fevereiro de 2002
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