Ânsia Etérea
Flávio Lucena
Este corpo estendido, ausente, sofrido,
Deseja...
deseja um ancoradouro,
um remanso.
Deseja...
a paz perfeita,
etérea tranqüilidade,
mansidão perpétua.
Deseja vê o sol nascer...
chorar como menino.
Choramingar...
no alento materno...
harmonia no busto de afeto.
Deseja o recôndito segredo,
a descoberta virginal,
a auréola, desejos.
Deseja te ver como nunca...
passear em teus cabelos,
sentir o teu cheiro.
Deseja este corpo abandonado...
trazer a memória os bons momentos,
insanidades passadas,
demônios de menino.
Deseja um retorno eterno,
a essência,
o ser,
na candura da manhã,
na beleza da tarde,
no terror das noites e seus vazios.
João Pessoa,01 de junho de 02
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