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Poesias-->CURRICULUM VITAE -- 28/05/2000 - 16:34 (Fernando Antônio de Araújo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
I – Dados Pessoais:



Meu nome é Otimismo.

Tenho a idade necessária pra saber distinguir

Quando alguém quer comprar meus princípios

Mesmo quando eu não os queira vender.

Mas isso não me oprime, nem me deixa tolhido.;

Sou homem de palha: Quando chove, fico flexível.;

Quando o sol esquenta o meu dia, fico seco e rígido.;

E me dobro apodrecido quando chega a noite eterna.

Isso, porque apodrecer faz bem a alma!

Sou otimista – digo – acredito no mundo e nas pessoas.

Acredito também que apesar da conveniência atual

Me levar a dizer isso, o meu cerne não fica corrompido.

Moro numa casa de tijolos, com portas, janelas e telhas

Onde vivo, ora iludido, ora céptico. Tenho um quarto.

É nele que meu coração se parte, abrindo grandes sulcos

Como os das rachaduras negras nas paredes.

Minha avenida é minha vida. Uma verdadeira Amazônia!

Com árvores de concreto, arbustos e tocas de tijolos.;

O rio? Um extenso asfalto quente e cheio de peixes

Que sobem e descem coloridos – colorindo o Amazonas.



II – Área de Atuação:



Minha área de atuação é a alma humana.

Mas também pode ser o coração, ou o espírito.

Não tenho restrições. Sou o chamado Profissional Curinga!

Não que eu seja pedante! (Na verdade o que me importa

É o trabalho. Por isso quero mentir! Mentir deslavadamente!

Mas sem me corromper, insisto.) Procuro me informar.

Também me mantenho informatizado e falo as línguas

Estrangeiras de cada indivíduo em particular.

Estou personalizado, completamente configurado e ajustado

Ao sistema, minhas impressões digitais mudam

Como as cores do camaleão. Sou uma peça de quebra-cabeças

Que se encaixa em qualquer lugar.





III – Formação:



Na maior parte das vezes sou autodidata.

A solidão me ensina muita coisa, me revela mundos!

Tenho uma vasta formação acadêmica que faz de minh’alma anêmica,

Uma sublime alma. Precipito-me sempre em erudição

No solo erodido do meu coração, pra ir ter com as trevas – a luz.

Sei de tanta coisa!... que as mantenho esquecidas no escuro.

Na universidade, uni meus versos sem idade e descobri a ignorância.

Desenvolvi a arte de mentir melhor, enganar com palavras

E a fazer trocadilhos irritantes. (Dever também se aprende.)

Saí com um curriculum vitae em latim dos cachorros

E caí num grande mercado turco – o mundo.

A depressão parece ser endêmica, isso porque a vi somente

Em meus companheiros que se importam com os resultados

Dos quatro anos de labuta e descontentamento.



IV – Experiência Profissional:



Tenho experiência com sistemas operacionais

Que excluíram meus desejos e ambições.

Vendo produtos que sugam a essência da alma

E do espírito humano para dentro das máquinas,

Das placas e cartazes de propaganda.

Também já manipulei opiniões e vendi mentiras,

Não as minhas mentiras, o que é muito pior!

As falsidades que vendi furtaram minha dignidade,

Hoje minha alma corrupta arrasta em silêncio

As correntes da minha escravidão. Entrego-me.

Minha vontade está à venda nas esquinas,

O mundo prostituto violou minhas esperanças.

A Política a qual tive a experiência de namorar,

Tornou-se uma cafetina depravada e sem escrúpulos.

Tenho experiência com máquinas,

Mas ainda não me tornei uma, resta-me o sangue e a carne

Em meio aos meus fios e parafusos, resta-me o suor.





V – Atividades Extra-Curriculares:



Faço trabalhos voluntários numa pedreira,

Marretando palavras como pedras duras.

O sol infernal frita as imagens em meu cérebro,

Imagens que me espetam o coração e molham versos

Nos lábios dos meus anjos mudos e vazios.



VI – Assinatura:



Assino o meu nome embaixo

De tudo que leve sinceridade e descanso a sepultura.

De tudo o que deva ser a verdade sem demagogia.;

Meu epitáfio não será um poema ilustre,

Nem uma frase de emoção ou impacto n’alma.

Será apenas um digno “adeus” aos que Amo,

Seguido de meu nome: Algo que não importa.



Fernando Antônio de Araújo

27 de setembro de 1998

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