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Artigos-->Doce saber -- 31/10/2001 - 18:24 (Anderson O. de Paula) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Já me foram contadas diversas histórias: umas foram boas e outras não me

acrescentaram absolutamente nada, melhor seria se não as tivesse escutado.



É claro que depende muito de quem as conta, e por isso que não se pode

dizer que a história seja de fato ruim. Um bom contador de histórias faz e

acontece, arranca sorrisos, lágrimas, aplausos, vaias, conclusões, pensamentos,

reflexões, alucinações...o escambau.



Já disse muitas vezes nesses textos que não sou bom contador, mas faço o

que posso e, às vezes, o que não posso.



Assim, contar história é como uma música tocada ao violão. Se se pedir

para eu tocar "Mediterranean Sundance" ou "Gipsyrock"", maravilhosos

flamencos, ouvir-se-á uma música. Entretanto, se se pedir para o grande Paco de Lucia

tocar os mesmos flamencos, ouvir-se-á outra música, bem mais bela por

sinal, com puros e limpos dedilhados.



Mas deixando os dedilhados e sustenidos de lado, até porque a introdução

desse texto já ficou muito grande e cansativa, há um conto sertanejo que fala

a respeito de um casal que tinham uma única filha.



Certo dia, a filha moça começou a olhar para um jovem da vizinhança. Pouco

a pouco os dois foram se aproximando, até que descobriram estar apaixonados.

Era paixão mesmo, pois o amor é uma coisa mais profunda que um encontro

casual, como canta Belchior em Divina Comédia Humana.



A moça, que tanto respeitava os pais, contou a respeito do jovem de quem

estava enamorada.



Foi uma enorme surpresa mas disseram que trouxesse o fulano para que se

tornasse conhecido da família.



No dia seguinte o moço apareceu para a tal visita; daí em diante freqüentou

a casa assiduamente. Virou amigão mesmo da família, daqueles que abrem a

porta da geladeira e segura o controle remoto da televisão no sovaco.



Depois de alguns meses o pai comunicou à filha que faria o teste final do

pretendente. O pai ainda tinha dúvidas. Não por conta do controle no sovaco e

nem pela invasão da geladeira, mas era um pressentimento, daqueles que são

apenas sentidos pelos pais.



O paisão se preparou para fazer aquilo que seu próprio pai fez aos seus

cunhados: convidou o rapaz para chupar cana.



O convite foi aceito. O moço a descascou e em seguida pôs-se a saborear o

líquido da cana: era doce e fresco. Sugou com enorme prazer a parte que lhe

agradou.



O jovem foi para sua casa e o pai então chamou a filha:



Esse rapaz não serve, não tem qualidades que considero fundamentais a um

bom chefe de família. O teste revelou que ele não está disposto a enfrentar

problemas nem situações mais sérias, tão comuns a uma vida a dois.



A filha, curiosa, surpreendida e desapontada, indagou do pai sobre como

havia chegado a essa conclusão:



- Porque o moço lançou fora toda a parte menos doce da cana, sugando apenas

a parte bem doce, enquanto lhe foi conveniente....



É, acho que essa história seria melhor se fosse contada por um "Forrest

Gump" da vida, ou tocada, em ritmo de flamenco, por algum "Paco de Lucia". Além

disso achei que esse pai é meio tantan. Coitado do rapaz, às vezes poderia

ser até boa gente. Se eu fosse o pretendente? Tava frito, pois odeio chupar

cana, comigo só vale mesmo o caldo, junto com um bom pastel de palmito.



Lucia, Forrest e histórias de pais, filhos e noivos não importam. Ora,

escrevi tudo isso apenas para lhe falar algo que ouvi de um amigo ontem:



"É preciso saborear tudo, inclusive as amarguras. Através delas apuramos

nosso paladar, aprendemos a distinguir o que de fato nos é doce".



E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como

mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. Ap 10:10





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