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Contos-->Ser Montanha -- 20/04/2002 - 20:21 (Kesianne Christine) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ela tinha sete anos e sua vida era perfeita. A montanha alimentava seus sonhos: “Um dia serei grande, Ná! Grande como a minha montanha” – dizia ela à melhor amiga Nathálya. “Eu sei amiga, e prometo que voe estar com você para sempre, pela força mágica!”
Abraçadas seguiram andando no jardim da prefeitura, rumo ao grande desafio proposto: divertir-se, e à grande missão que lhes cabia: comprar uma lata de milho verde no supermercado.
Meses se passaram... os encontros eram constantes, pois além de amigas eram vizinhas. Como podia duas melhores amigas serem tão diferentes? Nathálya queria se divertir e aproveitar ao máximo o dia antes do horário de tomar banho e ela... tinha sonhos, sonhava um dia ser para as pessoas tanto quanto aquela montanha era para ela... mas esse dia ia demorar, e enquanto isso ela podia muito bem se esquecer um pouquinho dos sonhos e divertir-se dividindo as mesmas alegrias com a Nathálya.
Um dia houve a notícia da mudança... seria sua grande primeira aventura, e ela alimentava cada vez mais seus sonhos, esperanças, planos...
Ela tinha apenas oito anos nessa época... o que entendia? O que esperava? A vida era uma festa. E afinal, Nathálya a acompanharia, passaria com ela as férias inteiras.
Quando chegou encontrou sua primeira surpresa:
“Mas onde está meu castelinho? Cadê minha linda casa? A casa perfeita, a casa dos meus sonhos? Eu quero a minha casa de volta!” – logo ela pensa.
Mas tudo bem, Nathálya estava com ela, e naquele momento, era isso que importava.
Os dias passaram... foi quando se deu conta que a amiga teria que voltar para a casa dela, para a vida dela, que agora se encontrava a 1000km de distância... tiraram-lhe também a Nathálya.
Os meses se passaram, e a saudade foi ocupando aos poucos o lugar que a companhia de Nathálya ocupava. Mas ela sabia que tinha oito anos, e uma vida inteira pela frente, faria novos amigos com certeza, ela sabia disso... sempre acontecia isso nos filmes... mas nenhum amigo teria a força mágica! Ah, mas pra que preocupar-se com isso? Ela tinha oito anos, a vida para ela era uma festa... e ela tinha certeza que o que ela tava sentindo era só parte da grande aventura... aprendera com os filmes.
Passou-se um ano, e ela ainda não conseguia entender tudo a sua volta... pessoas novas, lugares novos, vida nova... como entender?
Dois anos... três anos... quatro, cinco...
“Por que será tudo mudou tanto? Tantas mudanças não fazia parte de meus sonhos... eu não sabia que iria ser assim” pensava ela... Perdera suas alegrias, não tinha mais a companhia da Nathálya, não via mais sua montanha... não tinha mais oito anos, e a vida já não era mais aquela festa. Ainda se lembrava das palavras da amiga: “... prometo que vou estar com você para sempre, pela força mágica!”
Seis anos... sete anos... oito, nove anos...
Sentada na calçada de sua pobre casa, olha melancólica pela milionésima vez aquela imensa planície... “Ah, minha montanha... como foi que lhe deixei para trás?” desacreditava ela “Será que ao me despedir de ti, ao enterrar em ti meu fio de cabelo para que nunca deixasse de lhe fazer parte, será que também enterrei em ti meus planos, sonhos e esperanças?” Lágrimas sempre lhe vinham ao lembrar-se da querida montanha... sempre se lembrava com carinho de quando sonhava que um dia significaria tanto para alguém quanto aquela montanha lhe significava. “Acho que devo Ter sonhado demais...”
Dez anos... onze anos... doze anos...
Lágrimas no rosto, não se contendo, lê, com certa dificuldade, uma carta inesperada, mas ao mesmo tempo tão sonhada... só se lembra que continuava da seguinte forma:
“À minha amiga-montanha,
Sabe, amiga, sempre me lembro de nós duas pequenas, e de nossos sonhos. Tu amavas muito a ‘sua’ montanha, pois ela lhe era especial demais, e sempre me dizia que queria significar ao mundo tanto quanto a montanha lhe significava... ah, eu lembrando essas coisas, você não deve nem se lembrar disso. Mas sabe, eu descobri algo: que você significa mais a mim.. todos esses anos distantes e sem muito contato diminuíram o que sinto por você... pois o que sinto é sólido, como aquela montanha. E enquanto essa montanha permanecer em seu coração, você permanecerá nela, com aquele fio de cabelo, e em mim, com o teu amor. És montanha para mim... e ninguém lhe tira de minha memória...”
Não chegou a ler o restante, sentiu que não precisava, apenas olhou o endereço do remetente e viu que a amiga não havia mudado... Pegou as chaves do carro, trancou a casa... tinha 1000km pela frente... Lembrou-se de Paulo Coelho e que era preciso correr riscos para ser feliz. “A partir do momento que você decide lutar pelos seus sonhos, o universo inteiro conspira para que seu sonho se realize, pois só você sabe o quanto lhe custa sonhar...” lembrou-se que lera isso certa vez em um de seus livros.
Deixou casa, faculdade, trabalho, colegas para trás... Queria de volta sua melhor amiga! Queria de volta os passeios no jardim da prefeitura! Queria de volta seus sonhos! Queria ser montanha no coração da amiga! Estava abandonando a vida que construíra durante 12 anos...
“Sonhos valem a pena” pensava ela, enquanto cantava feliz uma canção que costumava cantar com Nathálya... Em um dia de viagem estaria com ela novamente.
_É, sonhos valem a pena! – disse em voz alta para si mesma enquanto dirigia rumo aos seus sonhos.

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