Ando pela casa
Procuro distração
Move-se anêmico o corpo
Que sem cor, opaco
Confunde-se na penumbra torpe dos cantos.
Defronte ao espelho
Uma criança refletida ergue os braços
Embrulhados em largas roupas.
O que fazer?
Contendo dores passadas
Vou vivendo sem dias felizes
Vou vivendo, assim
Como o fazem meus semelhantes.
Anestesiado em lágrimas
Um voraz foguete em caldas
Passará diante de meus olhos
Sem causar um qualquer,
Mesmo que leve, despertar.
Torneando o caminho
Tento vara essa existência.
Mas existir é coisa grande,
Duelo de necessidades,
Glória dos loucos.
E aos poucos,
É meu espírito adolescente que se comove.
Na cama,
Deito-me ébrio.
Deito sem sono, e saber
Que sem vontade
Meus olhos acanhados fecham janelas
E em soluços,
Mergulham-se no abismo de pensamentos impossíveis.
O sonho ameaça tragar-me
Para as ruas frias
Que secam a fome no inverno da noite.
A indisposição vence...
Consolo-me derramando angústias
Em travesseiro úmido e morno.
Já quase, dormindo, nem sinto
Que mais um dia já não existe.
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