Usina de Letras
Usina de Letras
77 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62202 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10353)

Erótico (13567)

Frases (50602)

Humor (20029)

Infantil (5428)

Infanto Juvenil (4762)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->P S I T A C I S M O S V -- 13/06/2002 - 04:42 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
P S I T A C I S M O S V



Extraviada a forma

do poema,

contento-me com

esta memória

de tantos anos

impoemáveis.



A vista, meio duplicada

conduz-me neste

esforço remoto

por entre labirintos,

estros, restos de

mim, comigo.



Os poemas, quão imberbes,

aguardam vez

de se esticarem no tempo

a me olhar de Orion,

a tantos milhões

de anos-luz.



Tenho medo de acordar,

sem poder vislumbrar

o derradeiro suspiro

de um cisne que nem nasceu.

Sob minha dúvida, repousa

a dívida do poema, inegociável.



Ameaçam-me de soslaio,

homens assistentes do sol

e mulheres desta óbvia

mas romântica lua do

mar de Olinda,

olindando minha busca poética.



Acordo insatisfeito

a qualquer hora da metade

da noite maçante,

sonho poemas-pesadelos

lavas e larvas de sonetos

protozoários e linfócitos.



Jurar que nunca mais

um poema, qualquer que fosse,

me inquietaria bem mais

do que tua neuro-ausência

e tua cumplicidade

no poemar-se assim... sem mim.





O poema, como aquela luz

que não se apalpa,

esconde-se nas profundezas

da Ilha de Itamaracá,

bem no fundo, logo ali

onde supultara minha angústia.



Vejo-me Netuno, despido

de inspiração, de

outra qualquer forma

de buscar no espaço

a verdadeira face

do poema que se nos encara.



Horrendo será nosso destino

se abrupto surgir um deus

de névoa e, sorrateiro

como a não-palavra,

querer, sob alguma hipótese

provar que existe.



Lembro-me bem que

eles me falavam de amor,

os homens de ontem

e os de hoje, invejosos

de com presciência,

escrever o poema-forma.



Mentira, somente. Jamais

releram os poemas da

infância. Jamais masturbaram

como todos, até

sangrar vulva e prepúcio

à espera do poema como forma.



Ah, deixa-me senhor das palavras,

farta-me com teus fantasmas

de óperas, dândis, deuses

do ar e da água.

Tentarei por último,

teu nome. Enfim, pelo menos...



Haverá pouco tempo

antes que surjam profetas

anunciando o fim de tudo

talvez do mundo, carregando

consigo a forma-protótipo

do poema inexprimível.









Na sala, o telefone nem tocara

para mim, hora alguma.

O calor do aposento vaso-dilata

a ansiedade e o tempo-enquanto

gozando à larga do meu sentimento

de caçador de poemas.



Por fim, sem tempo para

pagar a conta nalgum bar

da cidade, paira sobre mim

o monóxido de carbono perfeito:

aquele que, impune, insano, inocente

ensinou-me a dizer: não há poema algum.





Walter Silva

Olinda, 31.10.1989

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui