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Contos-->2 Detetives - Papos de Recreio -- 21/04/2002 - 21:33 (Gustavo Henrique) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ramom e seus amiguinhos corriam para fora da sala a fim de aproveitar cada segundo da hora do recreio, enquanto a simpática professora clamava inutilmente por ordem. A segunda-feira chegou chuvosa, e os quatro garotinhos tiveram que se acomodar num banco do pátio mesmo. Todos abriram suas lancheiras, e Mingo, o mais gordinho da turma, perguntou ofegante para Ramom:
-É verdade que aquele homem que matou o palhaço é seu tio?
-Ele não matou o palhaço, seu... seu bunda gorda! O Hércules provou que não foi ele! - respondeu o menino, nervoso.
-É verdade que seu tio é detetive? - perguntou Brício, mordendo o sanduíche.
-É sim! - disse, estufando o peito magro - E já resolveu muitos casos!
-Ah, conta um caso pra gente, Ramom, conta!! - berrou Tales, com sua voz fanhosa de coitadinho.
Ramom ficou pensando e mastigando, tentando lembrar em detalhes de algum dos vários casos que o tio vivia lhe contando. Enfim, ergueu o indicador, de olhos arregalados, e falou, cuspindo farelos úmidos de pão:
-Já sei! Tem um que o meu tio contou... que... que era numa casa... e tinha uma casa grande com muitas pessoas!
-Conta! Conta! Tem morto??
-Tem sim! Começou quando um homem foi morrido no escritório da casa dele, com uma facada nas costas. A esposa, quando soube, não deixou ninguém ir embora de lá, e mandou chamar Hércules e Munhoz na hora! Quando eles vieram, foram logo pedindo o nome de todos que estavam na casa. Acho que os nomes eram... Merlinda Batuta, Marcos alguma coisa, Maria Shileise e a esposa da vítima... Deise Confúcio. Depois os dois foram no escritório pra ver o homem. A faca ainda estava cravada lá, e ele tava debruçado na mesa, todo cheio de sangue!
Tales ficou com cara de enjôo, e passou a mastigar mais lentamente. Ramom continuou:
-Foi então que meu tio Munhoz reparou que a calculadora na mesa estava ligada, embaixo da mão do cadáver, e nela havia um número...
Ele pegou um pedaço de papel e escreveu a lápis um número para todos verem: 35137145.
-Estão vendo?
-Sim, o que é que tem? - perguntou Mingo.
-Já sei! - exaltou Brício - É um número de telefone, e quando ligaram descobriram quem foi!
-Não, errou! - respondeu Ramom, animadamente - Vocês são burros e nunca descobrirão quem que matou o cara!
-Só por causa de um número na calculadora? Num dá! - reclamou Tales.
-Bom... eles ligaram, pensando que fosse um telefone, mas o número não existia. Pensem bem! Está bem debaixo dos seus narizes sujos!
Ramom esperou alguns minutos, mas perdeu a paciência, e decidiu finalizar aquela enxurrada de palpites bestas, pegando o número no papel e virando-o de cabeça para baixo.
-Veja! - exclamou Brício - Parece um nome... Shileise! O nome de uma mulher que você falou, Ramom! Que legal!
-Ah... - desanimou Mingo - E o Hércules e seu tio é que descobriram isso e prenderam ela?
-Foi. Acharam que o morto escreveu na calculadora enquanto agonizava. E foi exatamente o que aconteceu.
-Que da hora!! Conta outra pra nós! - pediu Tales.
-Tá bom! Mas só mais uma! Depois eu vou começar a cobrar, hein!
-Ah! Deixa de ser bicha e conta logo! – reclamou Brício.
Ramom deu uma pigarreada, e começou:
-Tá bom! Acho que vou contar um caso que o meu tio ouviu falar. Foi em outro país que aconteceu, e foi com um chefe do FBI.
-Nossa! É mesmo? – interrompeu Mingo – O FBI é a melhor polícia que tem!
-É mesmo. – continuou Ramom – Então, como eu tava dizendo, o FBI tem um monte de arquivos e coisas importantes sobre bandidos e tudo o mais. Só que numa tarde um arquivo muito valioso foi roubado do computador do chefe, e ele foi encontrado morto, lá mesmo, com um tiro na cabeça.
-É só isso?? – perguntou o chato do Brício.
-Claro que não... vamos ver se vocês adivinham quem matou ele e roubou o arquivo. Lá vai. Bem no corredor que dá para a porta da sala dele, uma câmera de vigilância estava ligada, e na tarde do crime cinco pessoas foram filmadas entrando. Sempre que alguém abria a porta uma parte da mesa do escritório aparecia, mas não dava para ver o chefe. A primeira a entrar foi a secretária, e pode-se ver que o cara estava pondo um disquete no computador. Ela ficou uns quinze minutos lá dentro, e saiu meio desarrumada e tensa. A segunda pessoa, um velho amigo, veio dez minutos depois, e quando abriu a porta, o chefe parecia estar digitando, e estendeu as mãos para ele logo que viu. Ficou uns cinco minutos e saiu zangado, encarando a câmera. A terceira pessoa era um agente. Quando entrou, pode-se ver a impressora funcionando. Ele ficou quase dois minutos e saiu apressado, pondo óculos escuros, mas de repente apalpou o casaco, voltou a entrar, e saiu guardando uma pistola. A quarta pessoa, a esposa do chefe, veio quase meia hora depois, e quando entrou pode-se ver um envelope grande na mesa. Ela ficou quarenta minutos lá dentro, e saiu aparentemente feliz, com as chaves do carro dele na mão. E finalmente, a última pessoa a entrar lá, foi um homem muito misterioso, de terno preto, óculos escuros e chapéu. Ao entrar, viu-se o chefe de costas, amarrando o que se descobriu ser uma fita elástica com um ganchinho plástico na janela. O homem ficou dez minutos, saiu fumando, e abaixou o chapéu para tapar o rosto quando viu a câmera. E só pra completar, não acharam a arma do crime. Podem pensar agora...
-Ah... claro que foi o homem de preto! – palpitou Mingo.
-Se o cara era feio, então foi a mulher dele que matou! – afirmou Brício.
-Boa idéia... – disse Ramom – Mas não explica o roubo do arquivo.
Todos deram palpites e mais palpites, e acusaram um por um dos que entraram na sala do chefe do FBI sem perceber que não mais havia opções.
-Certo, já chega! Já acusaram todo mundo e nem pensaram em nada do que eu disse!
-Então quem foi? – choramingou o gordinho, de boca cheia.
-Depois de muitas investigações, o FBI descobriu que foi o próprio chefe quem roubou o arquivo, e enviou num disquete pelo correio, antes de se matar.
Todos reclamaram entre si, pedindo explicações.
-É que os investigadores, no começo, fizeram o mesmo que vocês: prestaram atenção nas pessoas que entraram, e não no que o chefe estava fazendo lá dentro. Estava copiando um arquivo, digitando e imprimindo uma carta para o possível receptor, pondo tudo num envelope para o correio e...
-Mas você falou que não acharam a arma! – interrompeu Tales - Como é que alguém pode se matar e sumir com ela depois?
-Era o que eu ia dizer agora! A última coisa que se viu o chefe fazer foi amarrar um elástico com ganchinho na janela. E isso serviu para que ele colocasse a arma lá, e esticasse, para fazer ela voar pra fora depois. Nunca descobriram realmente por que ele se suicidou, ou por que roubou o arquivo. Mas há rumores de que estava endividado com a máfia.
-É... legal. – suspirou Brício – Mas agora eu tenho um caso e quero ver quem adivinha...
Todos perceberam que o amiguinho disse aquilo num tom meio estranho.
-Então conta! – concordaram.
-Bom, um grupinho de amigos estava no recreio quando um enorme teco do lanche de um deles sumiu, sem que ninguém visse! A não ser, é claro, o culpado!
Perceberam que aquilo não era um caso, mas sim uma reclamação. E antes que olhassem para o gordinho, Brício completou:
-Quem descobrir eu pago um doce!
-Eu descubro! Fui eu! Fui eu! – falou Mingo, todo contente e erguendo a mão.
Todos riram dele, até o sinal tocar, e serem obrigados a voltar para as chatas salas de aula.
-Sabe Mingo... – disse Ramom – Você daria um grande detetive...
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