Sois como a Lepidóptera,
Em rosales a pousar,
Longínqua de Nepenthes.
A luz que da aurora emana
E teu fluido que o novo dia rega,
E teu canto faz-me inquieto ébrio,
Que a ti canta a adágia estrofe:
Sois como a Lepidóptera,
Em rosales a pousar,
Estais longínqua de Nepenthes.
Fenece a última primavera,
E fostes as flores das pradarias,
Vem daí o eterno outono,
Em que estareis em meus desejos.
Sois como a Lepidóptera,
Em rosales a pousar,
Longínqua... longínqua de Nepenthes!
Desejo a morte da última árvore,
Da floresta da liberdade,
Pois germinarão pulcros regadios
Das nascentes dos poentes.
É a intenção das vossas sementes,
Infindáveis sonhos das florestas,
Flores dos meus nascentes,
Das nascentes dos nascentes.
Pois sois como a Lepidóptera,
Que em rosales a pousar,
Estais longínqua de Nepenthes.
Quando ladram os cães de Valhala,
E Vulcano o ferro em ouro torna,
Vossa face então se enrubesce,
E a primavera então recomeça.
Aos poucos vossa voz ecoa do longe,
E cada vez mais me vivifica,
E quando pranteiam teus olhos lindos,
Os nascentes são poentes.
Não chora por mim,
A vida é um cristal,
Que a saudade derruba sem querer,
Varre e no lixo se ressente.
E brotaram das gemas das altas árvores,
O sopro da natureza, como se não houvesse outono,
E como se vós como uma pedra não se encontrasse,
Para ir onde Dante procurou Beatriz.
Mas sois como a lepidóptera,
Que revoa pelas rosales,
Longínqua de Nepenthes!
... e fiquei sozinho,
Fenecera a última primavera,
A floresta da liberdade,
Os desejos mais sublimes.
Foram-se os columbrinos,
Ficaram seus vestígios,
Da varanda naquele horizonte,
Das horas em que fostes a doce alvorada...
E deitar-se-ão as últimas estrelas,
Como lágrimas da saudade,
Até nascerdes novamente...
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