Chamava-se Tarzan o cachorro que tínhamos lá em casa quando eu era menino. Um dia surgiu babando, desequilibrado, sem rumo, desnorteado. Instalou-se o alvoroço na família. Meu pai que sempre foi um homem decidido, vacilou em eliminá-lo de imediato. Dizia que não se devia matá-lo com tanta pressa e sim esperar mais tempo para que a doença se manifestasse, se estava realmente doido. Hoje, acho que foi falta de coragem mesmo, pelo apego que lhe dedicou. Meu tio então recebeu a missão; deveria dar cabo do bicho, mas bem longe de todos. A tristeza dominou a casa inteira. Ninguém ousava falar, mas sentíamos uma pena infinita do Tarzan. Principalmente quando meu tio ao receber a incumbência falou que cachorro é cachorro, adoeceu a gente mata. Foi então que a morte chegou mais perto de nós que éramos meninos, daquela forma, por intermédio do nosso cão. Antes, eu tinha visto minha avó estendida na mesa grande da sala de outro meu tio com uma cor esquisita e duas bolinhas de algodão no nariz. Com o cachorro foi diferente, sem que meu tio percebece, segui-o e vi quando atirou. O tiro fez um buraco debaixo de sua pata e o cão esvaiu-se em sangue. |