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Poesias-->POEMA DE PEDRA -- 16/06/2002 - 08:47 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POEMA DE PEDRA



C

onstruir o poema

pedra sobre pedra,

edificação.

Mensurar detalhes,

arestas, linhas de projeto,

croquis, réguas de cálculo,

areia lavada, traços

cal, pernas e braços.



Misturar à velha

e eterna angústia

inconsumível

escombros

impossuidos

e sentidos em demolição

de um tempo de escoramento

sem partido

do olvido

do sim e do não.



Ajustar rente o tijolo

aprontar o monjolo

ao rés do chão.

Tomar de assalto o dicionário

seqüestrar a palavra

sonegação,

sonegar a lealdade

do insubstituível

amigo, reconhecível

na palma da mão.



Dedilhar no vazio

Villa-lobos e Rodrigo

num imaginário Del Vecchio

violão.

Aguardar com esfinge

e invulgar paciência

a insofismável revolução.



Temores e tremores

noites indormidas

nenhum poema no prelo

ou à mão.

Palavras-metade

amada que invade

e invoca o Corão.



Abusar do pecado

e do inusitado

arroz com feijão.

Catar inexoravelmente

agulha inexistente

no palheiro da mente

até à exaustão.

Firmar inconcludente

um pacto inclemente

com alguém de plantão.



Com água do rio

cadela no cio

construir o poema

quando nem mais

mundo haja

nem cyborgs

nem naja

com veneno em poção.



Quando haja nem

forma, nem fundo

qualquer mera questão

quando homem após homem

em fila indiana

vista roupa bacana

consagre-se à gana

caviar de esturjão.



Quando se desconstrua

nossa alma e a rua

o bigode e a razão

e o poema se ocupe,

duma mais douda trupe

ou de exacerbação,

que nem olho por olho

feito lei de Talião...

e haverá mais poema,

por menos que se exprima,

e por mais que se esprema,

em frágil, pífia ereção.





Walter Silva

Recife, outubro 1990



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