Usina de Letras
Usina de Letras
149 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62182 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140792)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->QUARTO DE HOTEL -- 22/05/2000 - 20:42 (Eustáquio Mário Ribeiro Braga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando conheci aquela garota, em um quanto de hotel, pensei ter encontrado a felicidade. Não ledo engano. Fora apenas mais uma triste aventura. O homem é bicho burro e canal. Procura a felicidade sem saber o que o faz realmente feliz. O homem pensa que ter uma mulher é ter tudo. Nesse mundo perdido de homens perdidos sinto que nem aqueles dois perdidos em noite fria e suja. Adultos e adolescentes procuram sexo. Sim, procuram sexo fácil. Quando percebem que sexo não é tão fácil assim. Fazem de tudo. Beber, fumar, jogar, se drogar ou até se prostituir. Como é difícil ser humano e animal ao mesmo tempo. As pessoas valorizam demais a aparência, os bens e a riqueza. Todavia, esquecem das coisas mais importantes. Saúde, paz, amizade e qualidade de vida. Mas, no mundo cheio de injustiças e discriminações torna-se difícil tão passar por tais fases. Hoje, talvez seja mais fácil encontrar carinho, respeito e amor. Claro que não vai deixar de existir pessoas que valorizam outras coisas: Dinheiro, poder e sexo livre. Cada opta por sua maneira de viver. E não importam os seus valores, importam os valores que terceiros possam de proporcionar. Voltamos ao quarto de hotel. Um hotel diferente daqueles "entra e sai". Entrei em muitos desses hotéis, bem como casa de massagem, bordel, "zona", etc. Se me perguntarem se arrependi a resposta seria não. Pois conheci seres humanos dentro daqueles recinto carregados de energia negativa. Conheci mulheres sofridas que foram castigadas pela a sorte. Mulheres (meninas) que foram estupradas dentro dos seus lares e, outras com diversas estórias diferentes. Algumas estavam lá por falta de estudo, qualificação profissional ou por falta de vergonha mesmo na cara mesmo. Mas, eu perguntaria se é vergonha vender ou alugar aquilo que pertence somente a ti, e que outros pensam que são donos só porque gerou ou se casou contigo. Por mais que tento voltar àquele quarto de hotel, refugo. Lembro-me da noite excitante que aquela mulher me proporcionara. Senti aquilo que jamais havia sentido com outra mulher. Estava fria a noite e, aquela mulher estava quente. Fiquei horas ali e não me importei em pagar o valor cobrado. Algo de diferente havia acontecido. Então, me interessei em saber da vida daquela mulher. Descobrir os porquês de seu paradeiro naquele lugar. Dissera que fora enganada pela irmã mais velha que levara para ali, mas o que poderia fazer, estava desempregada e sem lugar para morar. Chegara a pouco do Espírito Santo, onde deixara seu filho com a mãe de criação. Fora vítima de um homem que lhe meteu um filho no útero e uma faca nas costas. Sofrera muito que mal tenho coragem de dizer aqui. Fica apenas para a imaginação do caro leitor. Passamos nos encontrar freqüentemente ali naquele quarto de hotel. Depois passamos a sair juntos, conheci sua irmã e até dormi no outro hotel, dito familiar, onde ela repousara dos seus ditos pecados. Há pecado em tentar sobreviver? Já te imaginou desempregado e sem lugar para morar, sem roupas para vestir e sem alimento para o corpo. O alimento espiritual sim aquelas irmãs tinham. Pelo menos as irmã dela tinha era espírita e dizia que andava com uma "cigana" a tiracolo. Cá entre nós eu entendia "bulufas", mas quem sou eu para criticar a crença alheia. Depois descobri que tal cigana era a pomba gira. Bem então pensei, onde é que eu fui amarrar minha égua. Contudo, tratava-se de duas vidas humanos. Duas mulheres sem ninguém para as darem carinhos e uma legião de homens as possuírem. Eu não era o tipo do homem que deixava de ajudar a quem precisasse. E não me importaria se elas estivessem também só aproveitando de mim, pois que as procurou fora eu. Então a culpa era minha. Dei atenção ambas e tentei fazer com que elas mudassem de vida, principalmente a Renata. Tínhamos uma relação de respeito apesar da vida que elas levavam. Eu só ficava a vontade com a Renata na ausência da irmã. Nunca tentei nada com a irmã dela, nem mesmo fui cliente dela no bordel. Um dia a Renata me disse que suspeitava que estava grávida, e tentei tranqüilizá-la prontamente dizendo que não era possível, pois ela só fazia programa com quem usasse camisinha e, nós só transávamos com preservativo, logo suas suspeitas não tinham fundamento. Mas, tinham. Ela me dissera que uma camisinha tinha furado com um cliente e só percebeu quando não dava mais jeito. Depois de alguns dias a levei ao médico, antes tínhamos feito uns daqueles teste de farmácia e tinha dado positivo. Foi aí que começou um verdadeiro inferno em minha vida. Fiz de tudo para ela ter o filho mesmo não sabendo quem era o pai. Descobri que a responsabilidade não era somente minha, pois havia um outro otário na jogada. Que, aliás de otário não tinha nada, era um jovenzinho "metido" que havia transado com ela lá no hotel e que assim como eu resolveu dar seqüência ao caso. Ele era casado e pai de família. Nunca soube o seu nome, mas o apelido era "Juninho". Que ironia do destino a dela ter um Ricardão que atendia pela alcunha de Juninho. Bem, agora era o fim da linha. Ser traído por uma legião de desconhecidos tudo bem, mas por um homenzinho novinho e bonitinho não dava para agüentar. Não poderia deixá-la naquela situação pois, numa noite em que bebemos um pouco mais numa festa de uns amigos eu havia transado com ela e não lembrava de nada, porque tomei muita vodka e fiquei com aminésia. Então, mesmo não lembrando, havia a possibilidade remota daquele embrião ser meu. Por isso, ajudei-a financeiramente e emocionalmente a passar por aquele problema. O Juninho a ajudou bem mais, pois apesar de mais novo era mais experiente e tinha mais grana. Então nada melhor do que eles se curtirem até onde a barriga ou a falta dela permitisse. Reporto hoje em meus pensamentos, e vejo que tudo não passou de um sonho. Nunca existiu o quarto, nem a mulher, nem o amante, nem o traído ou os traídos e principalmente a criança. Existiu a lembrança do tempo das noitadas e farras. Dos porres e das porradas. Das fugas e trepadas. Do nunca amanhecer e da falta do viver. Ainda é noite naquela quarto de hotel, que será sempre noite e, e mesmo que de dia entrares naquele quarto ouviras vozes, choros e lágrimas, pois quantos quartos de hotéis ainda existem. São quartos que nunca se fecham. Apenas um mundo paralelo se vive nesses quartos. São quartos fantasmas. São fantasmas de um quarto de hora que não passam nas quartas-feiras em telas de TV. Pense bem antes de fechar a porta do quarto de hotel, abra primeiro a janela para o céu.

Thackyn
22/05/2000
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui