São 5:40 h da manhã. Meu despertador é um galo próximo à minha janela. Pareceu ser o corneteiro do meu batalhão durante o tempo que estive no serviço militar. Além dele, os berros chegam ao quarto. São os bezerros chamando suas mães. Estão a procura das tetas de desjejum. Passam a noite toda presos e quando amanhece ficam berrando para as vacas. Não sabem que elas, as tetas, serão esvaziadas pelos tiradores de leite e que terão apenas as sobras. Se existir tristeza de vaca, a maior tristeza para elas deve ser não poder amamentar os filhos quando estão com muito leite no ubre. Eles, os bezerros, rompem o silêncio a todo instante. Graças a estas manifestações efusivas da manhã, sou obrigado a levantar-me e colocar minhas idéias em ordem para descobrir que não estou em meu apartamento em Brasília e sim a quilômetros de distância, mais precisamente em Tocos do Mogi.
(Extraído do meu livro: Andança - publicado pela Editora Insular - pode ser encontrado nas livrarias Cultura, Submarino ou josecastro01@uol.com.br)