É incrível a quantidade de queimadas realizadas nos estados da Região Norte nessa época do ano. Li há poucos dias, em um jornal local, que em Rondônia já foram detectados mais de três mil focos de incêndio, enquanto que no Amazonas, acima de quatro mil e no Pará, perto de sete mil. A maior floresta tropical do planeta está agonizando.
Com a prática descontrolada das queimadas um verdadeiro caos está instalado. Torna-se comum ver grandes colunas de fumaça vindo em direção às cidades. Os olhos ardem. O ar fica por vezes difícil de ser respirado devido ao forte cheiro de queimado. Os acidentes nas estradas aumentam consideravelmente, devido à falta de visibilidade provocada pela fumaça. Os hospitais e pronto-socorros ficam constantemente lotados, principalmente por crianças e idosos, os mais atingidos pelos males causados pela fumaça das queimadas – o que inclui desidratação, crises respiratórias, alergias e até conjuntivite.
Os danos causados à biodiversidade são irreparáveis e refletem negativamente não apenas no presente, mas afetarão profundamente o futuro dos seres vivos na Amazônia e no mundo. Por esses e outros motivos a Amazônia é tão cobiçada por países de primeiro mundo. Fala-se muito sobre a internacionalização da Amazônia. Mas não se iluda. Se eles não tiveram competência para cuidar de suas próprias florestas, como cuidarão das nossas? Isso é lábia de gringo interesseiro. É preciso dizer que campanhas de conscientização também não resolvem. Apenas amenizam um pouco o problema. Logo as pessoas esquecem tudo e voltam às mesmas práticas.
O que falta mesmo é a elaboração de leis rígidas e principalmente a fiscalização de seu cumprimento, pois de nada adianta reunir os mais renomados juristas do país, criar as mais rigorosas leis e deixá-las engavetadas. Os praticantes de crimes ambientais não podem permanecer impunes. Falta, ainda, os governantes equiparem melhor a órgãos como o Ibama, a Polícia Ambiental e o Corpo de Bombeiros. Não somente com equipamentos, mas com material humano. O combate à corrupção em alguns desses órgãos também ajudaria muito. Na verdade, soluções existem, falta vontade política e humana.
O caso é urgente. É preciso pensar a curto, médio e longo prazo. Temo que, num futuro não muito distante, nossos descendentes não venham a conhecer a floresta que outrora chegou a ser denominada de “pulmão do mundo”. Tomara que seja só mau pressentimento...
