Usina de Letras
Usina de Letras
144 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13262)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10362)

Erótico (13569)

Frases (50612)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Abecedário de Antigamente -- 14/09/2006 - 10:24 (Silas Correa Leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Abecedário do ANTIGAMENTE





“Meu endereço se iguala aos meus sapatos

Viaja comigo/Eu fico onde existe uma luta

contra o errado!”



Mother Jones (Humanista)





Para o Professor Niso Vianna









ANTIGAMENTE... o Amor era uma palavra que por si só já dizia tudo do afeto que nunca se encerra, não tinha sexismo, cobrança de provas, velhacarias sentimentais, livrecos de auto-ajuda;

ANTIGAMENTE...Bondade era natural, ninguém se vangloriava disso, assim como ninguém dizia que era honesto porque simplesmente e naturalmente o era e pronto;

ANTIGAMENTE...Coração era conselheiro – consulte sempre seu coração, diziam os mais sábios – e não se falava em coronária, colesterol, pressão alta, regime, efeitos do sal da terra;

ANTIGAMENTE...Dedicação era para tudo: trabalho, escola, família, igreja, sociedade, não como fuga, como uma paga de consciência em carnê dizimal, mas como parte de um todo, sagracial;

ANTIGAMENTE...Esperança era uma coisa que todo mundo tinha, todo mundo sonhava; tínhamos ilusões, brigávamos pelos nossos sonhos mais pueris, sabíamos amar o amor e aprender nas suas lições;

ANTIGAMENTE...Felicidade era ter trabalho, ter escola, ter amigos, ter filhos, ter vizinhos, ter o que dividir com quem precisava, tínhamos parentes amigos e amigos parentes;

ANTIGAMENTE...Glória era conseguir pagar o carnê da geladeira, do carro usado, da casa própria, daquilo que nos dava paz e quilate, segurança e conforto, ninguém queria ser famoso a troco de nada, nem ser bruxo, nem ser dono da verdade;

ANTIGAMENTE...Humanismo era natural como tributo de luz, parente era anjo, vizinho era irmão, amigo era da família e a família era para sempre, em qualquer situação, éramos unidos e bem criados, tínhamos referenciais;

ANTIGAMENTE...Identidade era nosso documento presencial, nossa vivência táctil, nosso fio de bigode, nosso olho no olho, que valia mais do que uma assinatura, uma impressão digital ou um mero reconhecimento de firma, um código de barras;

ANTIGAMENTE...Jovem era tudo o que queríamos ser, criança sonhava esse tempo, maduros queríamos voltar para essa época de ouro, não precisávamos destruir, ferir, chamar atenção, se drogar para dizer rebeldias, causas, descontentamentos, idéias e ideais;

ANTIGAMENTE...Liberdade não era um carro, uma calça nova, um cigarro, uma química, um tênis ki-chute, uma bebida, uma viagem; éramos livres e sabíamos o que fazer dessa bandeira de luz e harmonia construtora de mudanças limpas, que fosse o melhor para todos;

ANTIGAMENTE...Moral não era medida pela policia, pelo bandido; não era pelas nossas próprias mãos ou olho gordo, não éramos reféns do que hoje tarda e falha na justiça com suspeita mistura de ambos os lados num mesmo pântano exibicionista, irrigado por impunidade generalizada;

ANTIGAMENTE...a palavra Não era uma palavra que ouvíamos normalmente, nada nos era dado de graça, quem amava punia, e sempre ouvíamos Não para sabermos limites, regras, intenções, nódoas, quem mandava, porque motivo e construção de conhecimento também;

ANTIGAMENTE...Orgulho era de amarmos os pais, os filhos, a pátria, a escola, a sociedade, os hinos, não o carro, a usura, a avareza, o status que nos tornou sub-seres, vulgares, neobobos, sub-cretinos;

ANTIGAMENTE...Poesia era um gol de Garrincha, uma tela de Portinari, uma balada de Chico Buarque, um poema de Manuel Bandeira, um beijo de novela, um pôr de sol lírio-laranja, uma aurora cor de abóbora na Estância boêmia de Itararé:

ANTIGAMENTE... Querida era uma palavra que dizíamos à Mãe, à mulher amada, à filha doce e terna, à Professora, à médica, à irmã, à sobrinha meiga, à vizinha comunidade solidária porque éramos transparentes, felizes e tínhamos doces intenções de amor e paz;

ANTIGAMENTE...Resolver era agir, estudar muito, trabalhar mais para ganhar mais – não emprestar para depois ter que sofrer para pagar o que por si mesmo não pode suprir – Resolver era levantar mais cedo, trabalhar sábado, fazer hora-extra, valorar a força, a dedicação, a determinação para comprar à vista e pagar com o nosso próprio suor limpo, sem o fiador usado ou o endosso do arbítrio pelo consumismo ignóbil e vilão;

ANTIGAMENTE... Sucesso era estar em paz, numa calça leve, com um gostoso par de sapatos velhos nos pés de lutadores, um mate gelado, um samba de Paulinho da Viola, o radinho ligado para se ouvir Vicente Leporace, Fiore Giglioti, Ferreira Martins, Hélio Ribeiro – dedique uma canção a quem se ama - e ainda dizer que rádio era sonho, ilusão, encantamento, paz de espírito, caixa de pandora, sétimo céu de um coração alumbrado;

Antigamente...TUDO era tão pouco, tudo era tão simples, arroz, feijão, ovo frito colhido ao pé da laranjeira com grinaldas, salada de couve-manteiga rasgada, e a mão da mãe dando a Bença, porque éramos felizes e acreditávamos na força da vida como salada de frutas caseiras;

Antigamente...União provia, somava, pensava os carentes, todo poder emanava do povo e em seu nome era exercido, e o povo cobrava e sabia cobrar, não trocava gato por lebre e sabia de que lado estavam as coisas, os erros, os errados, a oposição era limpa e transparente, não havia confusão desproposital na cabeça dos seres humanos que confiavam no verde-amarelo e sabiam dizer Não ao Não;

ANTIGAMENTE...Viver era dormir bem, comer bem, acordar macio, estudar muito e livros difíceis, ler bastante e obras profundas, amar intensamente, vestir a camisa, acreditar num Deus vivo, no diálogo, no ombro amigo, na palavra empenhada, numa troca, numa soma, num altar de edificações espirituais;

ANTIGAMENTE...Zelo era conosco, com nosso nome, com nossa equipe, com nossa família, com nossa escola, com nosso crédito, com nossa fé, com nossa confiança; tínhamos o pouco que nos bastava, não o muito que tiramos por lucros injustos e riquezas impunes, com conquistas que não levam a nada, não são conquistas justas;



ANTIGAMENTE...

-A policia não precisava investigar a policia

O Corinthians não tinha cacarecos, covardes e mercenários e nem correu riscos de cair para uma divisão interior

-Professor não precisava ensinar caráter e educação, os alunos traziam de casa, do berço, do lar, da família, de próprio acervo grupal

-As louras na sua maioria eram mesmo de verdade

-Bandidos não lucravam com o crime organizado do capital público nos antros privados, a título de falso modernismo em privatizações que foram privatarias e também foram suspeita destruição do patrimônio público

-A televisão não concorria com campos de nudismo

-Jovens liam de tudo

-Os pobres eram honestos

-Amigos da escola eram as autoridades constituídas, não amigos do alheio querendo faturar com a terceirização neoescravista de neoliberais em vergonhosos tempos improbos

-Professor ganhava igual juiz

-Chuchu era trivial e comum, nascia e crescia em monturos, não era adjetivo próprio para tentar qualificar o inqualificável ou criar falsas marmeladas

-Álcool era uma coisa de uso mais civilizado

-Jogador de futebol honrava a camisa do seu time de coração e sonhava a seleção para morrer pela pátria de chuteiras

-Grife era uma coisa que não significava nada e o conteúdo valia muito mais como essência sem rótulo ou máscara

-Você sabia quem era quem, e quem não era ninguém ou só queria aparecer em seara alheia

-A imprensa era ética e jogava no time da democracia social por uma gama brasileirinha que fosse também brasileiríssima

-Novela era sempre um conto de fadas com ótimo astral e ótimo humor

-Poesia era coisa linda e chique e se dizia assim em alto e bom tom com garbo e fundo musical escolhido pela alma

-Também, claro não havia Abecedário de nada, pois o verdadeiro caminho suave era o prazer de viver e amar, e ser feliz era o que queríamos com as mãos limpas e o espírito tranqüilo





Se pudéssemos limpar as portas da percepção, tudo se revelaria tal como é, INFINITO, diria William Blake,









Por isso sonhamos almas revisitadas, mudanças de ventos, alterações de planos, trazendo o bom de antigamente com as conquista de agora para a soma de um futuro bem melhor no ruflar bento do amanhã que já está se abrindo em corações e mentes daqueles seres limpos que acreditam no sonho...que acreditam na Esperança...SEMPRE



E quem for brasileiro que siga-me!.





-0-



Poeta Silas Corrêa Leite

Estância Boêmia de Itararé-SP

E-mail:

poesilas@terra.com.br

Site pessoal:

www.itarare.com.br/silas.htm

E-book (romance) ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS no site

www.hotbook.com.br/rom01scl.htm



Texto da Série: Verás Que Um Filho Teu Não Foge à Luta







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui