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Cartas-->Sonho Uirapuru -- 26/06/2002 - 02:50 (Jeyson Reis Barbosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Juiz de Fora, 15 de maio de 2001

Queridos companheiros,

Há alguns anos que não me lembro quantos são, quando todos nós éramos adolescentes a procura de algo que não sabíamos direito o que era, nos reunimos e, aos poucos, durante os anos, fomos descobrindo juntos coisas que nos afligiam, nos indignavam e, sendo todos nós, graças a Deus, dotados de muita inteligência, força de vontade e perseverança, entregamos muitas de nossas energias à uma causa nobre: evoluímos, deixando o discurso sobre religião meio que de lado e nos dedicamos no auxilio aos carentes. Foi neste contexto que surgiu o nosso grupo de jovens, sob o nome de Uirapuru.

Como todos sabemos, a grosso modo, o uirapuru é uma ave típica do sertão nordestino que com seu canto leva alegria ao triste e sofrido povo daquela região. E nós, durante muito tempo agimos como tal, levando amparo e solidariedade aos necessitados. Quantas e quantas pessoas nós já fizemos sorrir? Com certeza foram menos pessoas do que gostaríamos que fossem, mas fizemos o melhor que pudemos.

No entanto, com o passar do tempo, todos nós fomos crescendo. Muitos até começaram a questionar a Igreja Católica e alguns de nós a abandonaram em busca de outra alternativa. Cada um de nós escolheu um caminho, e muitos de nós nos afastamos para poder buscar nossos próprios sonhos, alcançar nossas metas. Para nós, continuar o grupo como este era ficou inviável. Ele ainda existe em nossos corações, mas não tem mais aquele vulto na atuação popular como tinha em tempos passados – ficou apenas uma chama que se aquece no Natal na entrega dos almoços.
Mas, com o passar do tempo, além da saudade e da amizade, aumentam também nossos conhecimentos, nossas aflições e nossas indignações. Assim como vocês, escolhi meu caminho e o caminho que escolhi levou-me a entrar de cabeça num mundo em que graças a quatro anos de muito estudo eu pude compreender muito bem, que é o mundo da nossa sociedade, da política... um mundo cheio de miséria, de crueldade, de injustiças sociais. Todos aqueles problemas que discutíamos em nossos encontros e que muitas das vezes não conseguimos compreender o por que deles, neste meu caminho de estudos, eu consegui notar (não por completo, mas a essência) a causa de toda nossa desgraça social.
Então, tendo notado a maldade em que nosso povo esta mergulhado, sinto-me obrigado a fazer algo para pelo menos tentar mudar. Companheiros, a cada dia o Governo do Estado, em conjunto com as altas elites nacionais e internacionais (sobretudo norte americanas) roubam de nossos povo, nos exploram, nos fazem sofrer, acabam com direitos que historicamente nossos antepassados conquistaram com sangue e suor; tudo isso em detrimento de seus próprios prazeres e bem-estar. Continuamos, o povo brasileiro, um povo escravo e dependente, sendo que a diferença de nós para os escravos africanos e indígenas do período colonial é que nós somos muito medíocres, por que muitos de nós nem sabemos que somos escravos e quando sabemos não fazemos nada para reverter a situação. Deveríamos nos espelhar na luta pela libertação dos irmãos africanos!

E é por esse motivo, um motivo a princípio pessoal mas que abrange a todas as pessoas, é que venho até vocês. Amigos, vocês me conhecem, sabem que sempre fui inquieto, revoltado e contestador. Pois é, agora mais que nunca sou um revoltado informado e um revoltado com causa nobre. A cada dia, a cada estudo acerca de nossa sociedade eu noto que nós, o povo, temos que nos revoltar, indignar e o principal, agir! Eu quero mudar nossa realidade. É um sonho. Então, neste momento, um dos novos caminhos que estou escolhendo para minha vida, que é o caminho da luta por uma sociedade mais justa e igualitária, apoiada em um discurso socialista, que leva-me a convocar todos vocês, antigos companheiros, a nos juntarmos novamente e reorganizar o nosso Grupo Uirapuru. Um Grupo munido de um novo discurso, de um ideal político nobre, que retomará com mais afinco a luta em favor dos carentes, da sociedade, baseado em objetivos que tive o cuidado de previamente repensar e enumerar. Um Grupo que lutará ainda com mais brilho para provocar melhorias para a sociedade.

Para encerrar, gostaria que soubessem que tudo isso não faz parte de um delírio ou de uma loucura. Mas sim de um sonho e de uma grande indignação e angústia que desejo transferir a vocês. Sei muito bem que as idéias que estou tendo (que estão dispostas nos novos objetivos que enumerei para o Uirapuru numa espécie de estatuto) são idéias utópicas e quase impossíveis de serem realizadas. Mas se todos nós pensarmos assim, e desanimarmos de um sonho que parece impossível, nunca chegaremos a lugar nenhum e nossa gente continuará sofrendo as injustiças sociais que as torturam em 500 anos de História. Para nós é muito cômodo continuar como estamos porque estamos muito melhor que a maioria da população. Temos nossa casa, nossa roupa, nossa escola, nossa comida... mas milhões de pessoas em todo o Brasil não têm nada disso e vocês, em nossas andanças a favor do bem, já tiveram oportunidade de observar isso. Então agora, convoco todos vocês a participarem desse sonho comigo. Um sonho em favor da nossa liberdade.
Talvez não consigamos nada ou quase nada, mas, antes de fechar os olhos para a morte, gostaria de poder olhar pra trás e ficar orgulhoso de nós, por saber que tentamos, que não entregamos nossa causa assim, de mão beijada. Por saber que não passamos pela vida sem ter sonhado e lutado por nossos sonhos. Por saber que não fomos covardes... por saber que fomos como o uirapuru, por toda nossa vida... Pensem com carinho nisso, sonhem os meus sonhos e até muito breve.

Abraços do amigo,
Jeyson Reis Barbosa
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