Dama sem sexo, tão crua
Esta enlouquecida lua,
É mãe de meus suplícios.
Amarelo quase triste
Dá lugar ao manto mais sombrio.
A noite, como um calafrio,
Corre nas espinhas como um medo antigo.
Cambaleantes pelas ruas
Evitando os ratos e a vida
Seguimos, mortos os caminhos noturnos.
Mas, ao olhar para o céu escuro
Sobre nossos ombros duros
Podemos notar as estrelas.
Seriam elas a prova de nossas fraquezas,
Pois em meio a tanta luz
Feneceram ante a fria noite,
Ou seriam a esperança diária
De saber que ali, tão revolucionária,
A estrela resiste ao negror infinito.
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